quinta-feira, 1 de julho de 2010

Selinho de abraço!

Ganhei esse super presente da Patrícia, do Entre Páginas e da Jojo, do Maré de Livros. Amei, flores!

REGRAS
1 - Publicar o selinho no seu blog, dizendo quem o indicou.
2 - Responder a pergunta: Quem é que você acha que merece um grande abraço? Porquê?
3 - Repassar para os blogues que você acha que merece um grande abraço.



Pessoal, estou sumida! Mas entro sempre aqui para ler os comentários!!!!

Empreender consome tempo!

Em breve volto com novas!

Me desejem sorte! :)

domingo, 16 de maio de 2010

Síndrome do Pânico - Gugu Keller - Editora Globo


Esse livo foi mais um dos presentes que o Leitura (mais que) Obrigatória me trouxe. :)

Gugu chegou ao meu blog e acabou ficando. Voltou outras vezes e, durante uma dessas visitas, foi gentil (característica fácil de ser reconhecida nele) e me ofereceu um exemplar de seu livro. Só de ler o nome, já fiquei curiosa.

Uma porque conheço várias pessoas que passaram pelo terror da Síndrome do Pânico (SP). Outra porque, apesar disso, sabia pouquíssimo sobre a doença.


O exemplar chegou na minha casa com uma dedicatória mais gentil ainda. Adorei! :)

Levei o livro junto comigo para um final de semana agradável na montanha. Fui para Campos do Jordão e achei que conseguiria um tempinho durante o dia para começar o livro.

Começar?

Sim, realmente comecei a lê-lo. Comecei e terminei. Quando dei por mim, chegava ao fim da história, algumas horas depois. O livro te consome, te envolve, parece te abraçar e convidar o leitor para ficar mais um pouco, até que, quando você percebe, terminou a última página.

Acho que a maneira como foi escrito, livre de qualquer enrolação ou floreios, completamente sincero, verdadeiro e objetivo contribui para isso. O autor acaba parecendo um amigo seu, que te escolhe para desabafar sobre algo importante que aconteceu na sua vida.

Mais do que um livro que prende a atenção e que é muito bem escrito, Síndrome do Pânico informa, despe o leitor dos preconceitos que por ventura existissem sobre a doença, explica tudo o que envolve o mal, tanto para o doente quanto para quem está em volta, como a família e os amigos.

Aprendi, entendi, admirei, chorei e torci muito para que o final da história fosse recheada de esperança e de vitórias.

Sabendo que esse tipo de síndrome é cada vez mais comum e parece ser um dos mals que veio junto com o século XXI e com a vida moderna, é extremamente importante conhecer os sintomas e depoimentos de quem já passou pela experiência. Sendo assim, leia Síndrome do Pânico assim que puder. Mais do que uma boa história, é um depoimento. Mais do que um entreteimento, é um aprendizado.

Nas minhas buscas pela grande rede, encontrei um site muito legal que reúne depoimentos de pessoas que tiveram contato com a SP. Para quem quer saber mais ou tirar dúvidas, vale a pena conhecer o blog.

Sobre o Autor

Dessa ver, ao invés de falar sobre a carreira do autor, resolvi me apoderar da descrição que o próprio Gugu faz de si mesmo, em seu blog:

"Eu sou um indolente produtivo, um subversivo educado, um guerrilheiro carinhoso, um comungante solitário, um psicopata inofensivo, um deprimido sorridente. Sou apenas do meu nada testemunha às avessas."


Onde comprar

Os lugares mais baratos que encontrei foram: Livraria Galileu, por R$ 16,00 e Livraria Saraiva, por R$ 20,00.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Leitor Indispensável


Olha que selinho mais lindo que eu ganhei da querida Bárbara do LiVrOs QuE eU jÁ Li :P. Ganhei em novembro do ano passado, mas só consegui postar agora. Afe! Mas, antes tarde do que nunca, né?

Obrigadíssima, flor! Amei!

Quem gostou e quer também? :)

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Amor de Perdição - Camilo Castelo Branco - Martin Claret


O livro foi escrito em 1862 e continua sendo um exemplo do puro romance que agrada mulheres de todas as idades. Cheio de tragédia e sofrimento, o livro é leitura obrigatória para quem vai prestar vestibular ou para quem quer conhecer melhor os clássicos da literatura portuguesa.

Ao pesquisar sobre a obra, soube que, segundo Castelo Branco, o livro foi escrito em 15 dias em 1861, quando ele estava preso na cadeia da Relação, na cidade do Porto, por ter se envolvido em questões de adultério. Ou seja, dom é dom! :)

O livro trata de um assunto muito recorrente nos clássicos românticos: dois jovens apaixonados que pertencem a famílias rivais. O livro é narrado por um sobrinho do personagem principal.

A história se passa em Viseu, no século XIX. Lá, as duas famílias, os Albuquerques e os Botelhos, tornam-se inimigos por conta de um litígio em que o corregedor Domingos Botelho deu ganho de causa contrário aos interesses dos Albuquerques. Simão é um dos cinco filhos do corregedor e apaixona-se por Teresa, filha do inimigo de seu pai.

A partir daí, Simão, que começa a história como um jovem explosivo, encrenqueiro e que chegou até a ser preso torna-se um herói, com nobres atitudes e temperamento perfeito, tudo por causa do amor que sente por Teresa.

O drama começa quando as famílias descobrem o namoro. Aí entram em cena o sofrimento, as correspondências, a obrigação de Teresa casar-se com um pretendente ou ir para um convento e até uma apaixonada por Simão que, de tanto amor que sente, prefere ajuda-lo a ficar com Teresa do que vê-lo infeliz.

Não vou contar detalhes da história, mas o nome já diz que o amor, pelo menos no livro, leva somente à perdição de todos que o sentem. É drama da maior categoria, exagerado ao extremo, carregado de dor e desespero. Mas, eu adorei! Adorei me transportar para aquela época e lembro que, quando comecei a ler, não consegui desgrudar do livro até chegar à última página.


Sobre o Autor

Camilo Ferreira Botelho Castelo Branco nasceu em Lisboa a 16 de Março de 1825. Camilo foi registado como filho de mãe incógnita, pelo que se diz, porque o seu pai e a sua avó não queriam que o nome Castelo Branco estivesse envolvido com alguém de tão humilde condição. A morte do pai obrigou-o a ir viver em Trás-os-Montes.

Como era uma criança sensível e muito inteligente, vai sofrer grandes perturbações com todos os acontecimentos da sua infância. Ao longo da sua existência revelou-se um fracassado nos estudos e nos amores. As vicissitudes da vida fazem-lhe crer que a fatalidade e a desgraça são destinos dos quais não pode escapar.

Foi um profissional das letras multifacetado, cuja obra o posicionou com uma das figuras mais eminentes da literatura portuguesa. Suicidou-se a 1 de Junho de 1890, na freguesia de Ceide, Vila Nova de Famalicão.


Onde comprar

Os lugares mais baratos que encontrei foram: Americanas, por R$ 9,49 e Submarino, por R$ 9,90.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

1 ano do Leitura, Dia Mundial do Livro e Resultado da Promoção!



Ufa, quanta coisa!!!

Mas, é isso mesmo: hoje éu m dia ESPECIAL, com miúscula.

O Leitura (mais que) Obrigatória veio, há exato um ano, para compartilhar na grande rede a minha paixão pela leitura. Conheci pessoas especiais (mesmo que virtualmente), exercitei minha maior paixão (escrever) e li muito, mais do já havia lido em qualquer outro ano da minha vida. Foi um ano especial, repleto de mudanças e realizações.

Estou muito feliz de completar um ano aqui com vocês e posso dizer que, no balanço geral de tudo, valeu a pena. E como valeu!!! :)

Mas, vamos às novidades...

Dia Mundial do Livro

Foi exatamente no Dia Mundial do livro de 2009 que lancei o Leitura. Tinha data melhor? Eu tava confiante que aquele era mesmo o melhor dia para começar um blog de sucesso. Lembra do meu primeiro post??? Gente, parece que foi ontem!

Resultado da Promoção

Samir e eu lemos e relemos as frases, todas muito legais. Adoramos as participações e ficamos muito felizes de saber que tanta gente está curiosa para ler os livros. Ambos são ótimos, eu garanto! :)

Mas, sem mais delongas....

A felizarda que vai receber os dois livros de Samir no sucesso de sua residência é....

Lilian Hatori Colella


Parabéns!!!!!

A frase da Lilian foi:

"Por um amor proibido já enfrentei meus pais, já venci o tempo e o cansaço e já fiz de uma distância um mero passo".

E, nas palavras do Samir:

"Além de verdadeira, achei a frase poética".

Arrasou, Lilian!!! :)

Estou te mandando um e-mail AGORA para pegar seu endereço, ok?

Pessoal, amei fazer essa promoção! Espero em breve lançar outra promoção!!

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Está lançada a Promoção "Amor Proibido" (ou O Leitura faz um ano!!! Vamos comemorar!!!)

Depois de publicadas as três partes da entrevista com Samir Thomaz (se você perdeu, não deixe de ler a Parte 1, depois a Parte 2 e então a Parte 3), vem aí a promoção que, na verdade, é um concurso cultural recheado com 2 prêmios super legais!

Não fique de fora e venha comemorar comigo o primeiro ano do Leitura!

  • COMO PARTICIPO?

Para ganhar, basta você deixar um comentário com uma frase contando: O que você já fez por um amor proibido?

  • COMO SERÃO ELEITOS OS VENCEDORES?

Eu e o Samir vamos ler todas as frases e escolher a melhor e mais criativa.

  • O QUE EU GANHO?

O grande vencedor receberá, em sua casa, os livros que serviram de tema para a entrevista que fiz com Samir aqui no blog: Meu Caro H e Te Espero o tempo que for. Eles chegarão pelo correio com dedicatórias capricahadas. Olha aqui as que ele escreveu para mim. :)

  • REGRAS

O concurso só vale para residentes no Brasil. No final do comentário, deixe seu e-mail, para que eu entre em contato e pegue seus dados de entrega, caso você seja o vencedor. Depois do resultado, levaremos até 30 dias para enviar os presentes.

  • DATA

O concurso começa A-G-O-R-A e segue até o dia 23 de abril, dia em que o Leitura (mais que) Obrigatória completará 1 ANO e que o planeta comemora o Dia Mundial do Livro!!!! :)

Lembra do meu primeiro post? Nossa, parece que foi ontem!

Vem comemorar comigo, participe! :)

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Entrevista com Samir Thomaz - Parte 3

Olá, pessoal! Com vocês, a terceira e última parte da entrevista! :)

Espero que vocês tenham gostado! Eu e o Samir ficamos muito gratos pela participação de todo mundo. Os comentários foram diversos e extremamente ricos.

Semana que vem, na quarta-feira, lanço a promoção. Quem ganhar vai poder conhecer toda a história de vida do Samir, porque o prêmio serão dois livros: Meu Caro H e Te espero o tempo que for.

Agora, sem mais delongas, curtam a terceira parte e deixem suas opiniões!!

11 - Você ainda acha que a Liliane era o amor da sua vida?

A Liliane “é” o amor da segunda metade da minha vida, ou seja, da minha vida atual. O amor da primeira metade foi a Naide, uma pessoa que faz parte da minha história e que virou uma grande amiga. O fato de eu e a Li termos terminado não significa que eu não a ame mais. Uma história como a que vivemos é algo marcante. Eu penso nela em todos os instantes do dia e adoro quando o celular toca e eu vejo no visor que é ela quem está ligando. Acho que essa história ainda está acontecendo, só que de outra forma, que nós próprios não entendemos qual é.

12 - Será que a paixão não foi tão forte exatamente por ter sido proibida? Será que a teoria de que a força do sentimento vinha da impossibilidade de vivencia-lo não estava certa?

Pode ser. Tudo que é proibido é mais interessante, não? A Liliane era (e ainda é) muito voluntariosa. Adora um desafio. Primeiro ela se apaixonou por mim. Quando soube do hiv, acho que isso operou uma adrenalina na cabeça dela, como se ela estivesse entrando em contato com alguma forma de transgressão. E era uma forma de transgressão. Imagina, você ter 16 anos e assumir um cara de 41 anos e ainda por cima hiv! Haja transgressão! Esse foi um dos aspectos que fez com que eu me apaixonasse ainda mais por ela: a coragem. Ela nunca baixou a guarda para o preconceito e nunca deu bola para o que as pessoas, incluindo sua família, falavam.

13 - A relação de vocês teve que ser conduzida com algum cuidado especial, além do uso de preservativos, por conta da doença?

Sim, os cuidados de praxe. No início, numa das vezes em que nos beijamos, ela cortou a boca com o aparelho que usava. Sofremos com isso, e por um longo tempo pensamos que ela pudesse ter se contaminado. Muito tempo depois ela fez o teste e comprovou que não tinha havido contaminação. Mas convivíamos com esse medo.

14 - Aquele período em que você parou de tomar o coquetel trouxe consequencias para a sua saúde?

Sempre que eu parei – e foram quatro vezes -, as consequências começaram a aparecer logo depois. Neste momento eu estou com a medicação interrompida. Minha infectologista ligou outro dia e me deu uma bronca por telefone. Ela está coberta de razão. Mas eu estou bem. Sou movido a novos projetos e no momento estou muito envolvido com os livros de filosofia e sociologia que estou editando. Eu costumo dizer que não tenho tido tempo de ficar doente. Mas sei que não é bem assim. O certo é tomar o coquetel corretamente, se alimentar bem e manter a cabeça em níveis saudáveis. Tenho razões para crer que minha cabeça ajuda bastante a me manter com a saúde legal.

15 - Que balanço você pode fazer para a gente sobre toda essa história?

O balanço é o de que não me arrependo de nada. Que tenho muito orgulho do meu trabalho, dos livros que escrevo e leio, dos filmes que assisto, das músicas que ouço, das pessoas que passaram pela minha vida, das pessoas que estão na minha vida. E que tenho muita pena das pessoas preconceituosas, criaturas menores, mesquinhas e egoístas, que nunca vão se dar conta da mediocridade em que vivem.

16 – Se o livro fosse escrito hoje, quais seriam suas últimas frases?

Acho que eu manteria as duas últimas linhas do livro, que na sua aparente simplicidade, criam um final cinematográfico. Pelo menos para mim:

“Açúcar ou adoçante, senhor”, ela perguntou.

“Adoçante. Dois sachês, por favor”.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Entrevista com Samiz Thomaz - Parte 2

Olá, minha gente!!! Com um dia de atraso (peço desculpas, mas a semana começou com a correria tipica de São Paulo), confiram a segunda parte da entrevista exclusiva com Samir Thomaz.

Ele é
autor de Meu Caro H (o livro em que o autor tornou pública a sua experiência ao saber que era portador do vírus HIV) e Te Espero o tempo que for (livro em que o autor conta sua história com o amor da segunda parte de sua vida e toda dificuldade que encontraram por conta do HIV).

Para entender como rolou toda a história dessa entrevista, clique aqui.

Confira a segunda parte da entrevista:


6 - Depois que o livro acaba, bate uma curiosidade imensa para saber o que aconteceu depois. Resuma alguns fatos marcantes sobre a vida de vocês depois do último episódio contado no livro.

O que aconteceu depois de 2005 e 2006, o período narrado no livro, foi que passamos a nos encontrar primeiro em Botucatu, onde ela fazia cursinho, e depois em Bauru, onde ela passou a fazer faculdade. Ou seja, passamos a ter um namoro clandestino.

Não é uma vida que eu desejaria para o meu maior inimigo. Vivíamos sempre com medo, pois o pai dela sempre disse com todas as letras que se soubesse que nos encontrávamos, mataria os dois. Esse foi o tom do namoro nesses últimos anos. Enfim, sobrevivemos a tudo isso.

O que ficou foi a memória de ter vivido uma história de amor intensa e proibida. E eu, como narrador vocacionado, não poderia deixar de colocar essa história no papel.

7 - Você se viram mais vezes ou namoraram todos esses anos só pela internet?

Nós nos víamos a cada dois meses. E conversávamos diariamente pelo celular várias vezes ao dia, conforme é narrado no livro. Ela veio a São Paulo duas vezes durante esse período, também clandestinamente.

8 - Você nunca mais viu a família da Liliane? Eles foram contra o relacionamento de vocês até o final?

A questão, para eles, era o hiv. Uma questão que envolve sentimento religioso e zelo pela filha. Eu nunca questionei a legitimidade desse zelo, apenas a forma como eles o conduziram. Eles me trataram bem nas duas vezes em que fui lá, em 2005, mas ao saberem do vírus, radicalizaram e proibiram o namoro.

O pai dela chegou a me ameaçar de morte caso eu aparecesse por lá. E tem a cena de violência extrema sofrida por ela, em julho de 2006, por causa do namoro. Foi uma dos trechos mais dolorosos de ser escrito. Mas exceto nesses momentos de violência contra ela, eu nunca senti raiva ou ódio deles.

São pessoas honradas e honestas que apenas reproduzem o padrão de comportamento que herdaram de seus pais. E, em último caso, eu me apaixonei pela filha deles. O que me encantou na personalidade dela é fruto da educação que eles deram a ela.

9 - Acha que toda essa luta contra vocês acabou atrapalhando tudo?

Atrapalhar, atrapalhou. Mas eu fico pensando se tudo não teve um sabor especial justamente por causa da proibição. Eu sabia que não se tratava de uma situação comum. Eu tinha 41 anos, ela 16. Eu era soropositivo e separado; ela era filha de pais católicos extremados e tinha a idade da minha filha.

Eu sabia que não encontraria vida fácil. Ao mesmo tempo, não consegui evitar a paixão diante de uma garota tão corajosa e fascinante. Minha atitude envolvia sentimento. Eu não era um sacana, um pedófilo, como algumas pessoas chegaram a me chamar, pegando uma adolescente indefesa. E nem ela era uma menina ingênua, que não sabia o que estava fazendo. A Liliane era bem madura. Em geral as mulheres são mais maduras do que os homens. Chego a dizer que em alguns aspectos ela era mais maduro do que eu.

10 - Se você não fosse soropositivo e Joyce chegasse e casa um dia, te chamasse para conversar e te contasse que estava namorando um homem da sua idade e portador do vírus HIV, qual seria sua reação?

Seria negativa, claro. E iria precisar de um tempo para aceitar a situação. Mas ouviria os dois. E se sentisse que o cara estivesse bem intencionado, não me oporia. Mas isso é uma hipótese. As coisas em geral não ocorrem dessa forma tão simplista como eu coloquei.

Esse tipo de situação normalmente vem investido de uma complexidade com a qual nem sempre a gente sabe lidar. Eu compreendo o embaraço que causei aos pais da Liliane.

Mas não compreendo a falta de abertura, de diálogo. E não compactuo com a violência usada algumas vezes por eles para tentar resolver a situação. Com o tempo, ficou claro que nossa relação era forte, que envolvia sentimento, que eu não era nenhum inconseqüente. Mesmo assim, eles nunca caminharam um centímetro no sentido de me aceitar. Foi um “não” inapelável do começo ao fim.

Achei essaa segunda parte da entrevista bem reveladora. Incrível como Samir conta a sua vida pra gente, como um livro aberto de pura realidade, né? E vocês, gostaram?

Deixem seus comentários! Sexta-feira tem a parte 3!! :)

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Entrevista com Samiz Thomaz - Parte 1

Olha eu aqui de novo!!! Vamos à primeira parte da entrevista com Samiz Thomaz, autor de Meu Caro H (o livro em que o autor tornou pública a sua experiência ao saber que era portador do vírus HIV) e Te Espero o tempo que for (livro em que o autor conta sua história com o amor da segunda parte de sua vida e toda dificuldade que encontraram por conta do HIV).

E não esqueça! Depois de publicar as 3 partes da entrevista, eu e Samir lançaremos uma promoção! Fiquem ligados!


Primeiro, conheçam o Samir

Antes de começar a ler a entrevista, nada melhor do que ver uma foto do autor. Gente, esse é o Samir:
Agora, a Entrevista - Parte 1

1 - Primeiro, queria fazer algumas perguntas sobre o Meu Caro H. Deve ter sido um divisor de águas lançar um livro autobiográfico sobre a entrada do vírus HIV na sua vida. Hoje, analisando tudo o que ocorreu depois disso, você acha que o lançamento do livro trouxe mais coisas boas ou ruins? Você sofreu muito preconceito? Ainda é difícil para você lidar com esse assunto?

É verdade, minha vida se divide entre antes do Meu caro H e depois. Na verdade, antes do hiv e depois dele. O que posso dizer, passados doze anos do diagnóstico da síndrome e dez anos da publicação do livro, é que a vida é um caminho sem volta. Sou existencialista até a medula, portanto acredito que somos aquilo que realizamos concretamente. A minha postura, passada a fase inicial do medo de morrer e de não poder estar ao lado das pessoas que amo, sempre foi uma postura de combate, de luta.

Antes de tudo, lutar para viver. Mas também lutar para manter a dignidade, para manter a autoestima em níveis aceitáveis, para enfrentar o preconceito que eu sabia que viria. E em última instância, lutar para continuar ao lado das pessoas que amo. Nesse sentido, o livro foi uma terapia para inventar a coragem. Quanto ao preconceito, de qualquer tipo, ele é fruto da ignorância de quem o pratica.

Nós vivemos num país culturalmente atrasado, portanto eu nunca tive a ilusão de que não fosse ser olhado de viés e até com piedade por algumas pessoas. Mas sempre lidei de forma corajosa e transparente com a síndrome e com o preconceito.

No caso do hiv, a primeira coisa que a pessoa diz é que você está com os dias contados. Pois é, há onze anos estou com os dias contados. Nesse onze anos, continuei trabalhando, fiz uma graduação de jornalismo, uma pós-graduação em ciências sociais, escrevi cinco livros e namorei por quatro anos uma garota interessante.

2 - Hoje, percebe-se que há muito menos tabu em relação ao vírus do que na época em que você o contraiu. Dá para levar a vida normalmente com o vírus, por conta do coquetel? Você sente algum efeito colateral ou fica com a saúde fragilizada às vezes? Penso que hoje a medicina avançou tanto que é possível ser soropositivo por décadas e décadas, vivendo de maneira absolutamente normal. Estou certa?

Sim, está certa. A Aids hoje é considerada uma doença crônica, ainda que bastante letal, mas crônica. Sempre pergunto à minha infectologista se ainda morre gente de Aids. Ela diz que sim. E não pouca gente. No meu caso, nunca tive efeito colateral e nem posso dizer que sou um modelo exemplar de paciente. Por diversas razões negligenciei a tomada do coquetel nesses dez anos e em razão disso estou na minha quarta medicação, indo para a quinta. É aquela história, às vezes você está tão detonado emocionalmente que não levanta para tomar o último medicamento da noite, ou esquece de tomá-lo.

E não tomar um dos componentes do coquetel é o mesmo que não ter tomado os outros, afinal o coquetel é uma combinação de drogas. Não recomendo que se faça isso. Se eu pudesse, não faria. Mas o aspecto emocional às vezes supera a razão. Eu vivo muito intensamente, apesar de ser um sujeito aparentemente pacato. No fim de 2007, cheguei à situação de não haver no mercado brasileiro uma medicação que fizesse efeito no meu organismo. O vírus havia criado resistência contra todos eles.

Cheguei a tomar por um mês uma medicação autoinjetável, importada via autorização judicial, o que no meu caso não funcionou. Quem leu Meu caro H tomou conhecimento da minha ojeriza por agulhas. Injetar a medicação em mim mesmo, fala sério... Estou prestes a iniciar uma nova medicação. Nesse sentido, me considero uma pessoa de sorte.

3 - Como é a relação com sua filha? Você passou a adotar cuidados especiais na sua casa depois de descobrir que era soropositivo, certo? Essa situação acabou trazendo pontos positivos em relação à maneira com que você criou Joyce? Vocês são amigos, falam abertamente sobre todos os assuntos? Acha que seria assim se nada disso tivesse acontecido?

Minha relação com a Joyce é ótima. Ela é o meu grande estímulo. Sempre que a barra pesa, a lembrança dela é que me segura. Ela é fruto da educação que eu e a Naide demos pra ela. Ou seja, cresceu entre livros, ouvindo muita MPB, rock, jazz, pop rock, ouvindo discussões sobre política, arte, etc. Disso resultou uma menina de cabeça aberta, generosa e inteligente.

A Aids nunca fez a menor diferença para ela. Neste momento ela está envolvida com a graduação de desenho industrial que faz e com o primeiro emprego na área de design gráfico e me liga todas as noites para contar as novidades. Uma vez por semana vou ao Mackenzie para tomar um café com ela. Saio de lá renovado.

4 - Antes de saber que você era portador do vírus HIV, você tinha preconceitos, era uma dessas pessoas que achava que ser soropositivo era um bicho de 7 cabeças ou já era bem informado e encarava a doença como encara hoje?

Quando surgiu, na década de 1980, a Aids era um terror. Tomar contato com um soropositivo, conforme eu narro no Meu caro H, era um acontecimento marcante. Você olhava a pessoa sabendo que ela já não existiria dali a algum tempo.

Se fosse um soropositivo sintomático, ou seja, que já estivesse com os sintomas explícitos no corpo, aí o pavor se multiplicava. Eu tinha sim preconceito, embora tivesse tido contato apenas com as duas pessoas que menciono no livro – que morreram em seguida, aliás. Mas meu preconceito se restringia a essa forma de pavor. Com o tempo, ao ver que meus ídolos da cultura pop – principalmente os cantores Cazuza, Renato Russo e Fred Mercury e o escritor Caio Fernando Abreu – tinham Aids, o medo logo se converteu em solidariedade.

5 – Bom, agora vamos falar do seu outro livro, que trata da Aids, Te espero o tempo que for, lançado em 2009. Nesse livro você narra o namoro tumultuado com uma garota de 16 anos que conheceu na internet. Você e a Liliane ainda estão juntos?

Sim e não. Nós terminamos há coisa de dois meses. Era previsível e esperado diante de um namoro tão cercado de tabus, preconceitos, sem contar a questão da distância – ela mora na região de Botucatu, no interior de São Paulo. Por outro lado, ela me liga todas as noites pedindo colo, o que me faz um bem danado (e imagino que também a ela), porque nós temos uma ligação muito forte.

A questão é que nossas vidas têm ritmos diferentes. Ela está com 21 anos e faz o terceiro ano de odontologia na USP. Eu estou numa fase mais voltada para o trabalho. Não sei como chamar esse tipo de relação. Não é mais namoro. Mas também não é só amizade.

Ontem mesmo ela me convidou para ir para a Itália no ano que vem. Eu disse que só se ela fosse para Buenos Aires comigo este ano. Ela aceitou. De minha parte, ela é o grande amor da segunda parte da minha vida (a da primeira parte foi a Naide). E eu só tenho a agradecer pela relação de quatro anos e meio que tive com ela. É uma garota muito especial.

Adorei a primeira parte da entrevista. E vocês?

Deixem seus comentários! Segunda-feira tem a parte 2!! :)

quarta-feira, 31 de março de 2010

Prometido e cumprido! Quem tá curioso?


Olá, queridos e queridas!!! É com muita felicidade que comunico: Samir Thomaz, autor de Meu Caro H e Te Espero o Tempo que for, foi um lord mais uma vez e respondeu as 16 (sim, sou exagerada!) perguntas que mandei para ele. Tínhamos combinado uma entrevista, seguida de uma promoção. Se você não está entendendo nada, clique aqui.

Como sempre, foi transparente e dividiu conosco suas aventuras e experiências pela vida afora.


Como ficou enoooorme, vou dividir a entrevista em três partes e, depois da última parte, lançarei uma promoção que presenteará um sortudo com um exemplar de cada livro: Meu Caro H e Te Espero o Tempo que for. Aproveitem!!!!!

Amanhã, publicarei a primeira parte da entrevista, ok? Quem está curioso? :)

terça-feira, 30 de março de 2010

Realidade utópica!

Adorei esse selinho, é lindo!!! Recebi da querida Bia, do Livros de Bia.

As regras: 1 - Citar 5 coisas que considero como realidade utópica, de tão lindas:
- Amor
- Gravidez
- Cachorros
- Cavalo Marinho
- Nascer e pôr do sol
2 - Oferecer a outros blogs:

sábado, 13 de março de 2010

Te Espero o Tempo que For - Samir Thomaz - Brasiliense

Tenho duas situações para compartilhar com vocês.

A primeira situação:

Você leva sua vida tranquilamente, em uma cidade pequena, onde todos se conhecem. Tem a sua reputação, a casinha que sempre sonhou, uma esposa dedicada, seus dois filhos e sua rotina de chefe de família. Você não faz mal para ninguém, é trabalhador e sonha com um futuro de felicidade e prosperidade para seu rebanho, que é seu tesouro mais precioso e que você defende com unhas e dentes sempre que preciso, como um leão defende a sua cria e o seu território.

Eis que, de um dia para o outro, descobre que sua filha, uma adolescente de 16 anos, seu maior xodó, está se envolvendo com um homem de 42, pela internet, ou seja, sem nunca tê-lo visto na vida, que é soropositivo e que tem uma filha da idade da sua.

O que você faria?

A segunda situação:

Você é um paulistano de 42 anos, que já sofreu pegadinhas bem desagradáveis do destino. Contraiu o vírus da Aids quando ninguém sabia muito bem o que era a doença. Passou a conviver com a culpa de ter contraído essa desagradável companheira para o resto da vida pura e simplesmente por um erro seu. Erro esse que custará caro para sempre e que, infelizmente, não pode ser desfeito.

Ficou doente, sofreu preconceito, levantou a cabeça e seguiu em frente. É editor e escritor ao mesmo tempo. Trabalha muito fazendo o que gosta, mas não ganha o que merece em troca do que sabe fazer de melhor. Viveu um casamento de 20 anos feliz e repleto de cumplicidade, mas que acabou se desgastando. Teve, então, que se acostumar a viver sozinho novamente.

Tem uma filha de 16 anos que está cada vez mais independente e, de um dia para o outro, acaba engatando uma conversa na internet com uma garota que parece estar muito interessada em você, ser extremamente madura para a sua idade e representar toda a vitalidade e aventura que sua vida não tem há tempos. A intensidade das coisas aumentam a passos rápidos e, de uma hora para outra, você se vê completamente envolvido e com um frio na barriga que faz toda essa aparente loucura valer a pena.

Mas, descobre que ela tem 16 anos, é filha de pais conservadores ao extremo e que, por querer ser médica e estudar muito sobre saúde, aceita tranquilamente o fato de você ser soropositivo. Tudo parece conspirar a favor desse relacionamento e o sentimento só cresce.

O que você faria?

Toda história que envolve mais de uma pessoa tem dois lados. E nenhum lado está completamente certo, nem o outro lado completamente errado. Eu pensei muito, muito, muito depois de terminar o livro, tentando achar um lado para eu me posicionar na resenha. Mas, não consegui. Entendo o lado do Samuel, o apaixonado, mas também entendo completamente o lado do pai de Lívia.

O livro é muito bem escrito, fazendo com que o leitor aguce cada vez mais a sua curiosidade para saber os próximos acontecimentos. Na verdade, o ponto mais positivo da obra é o envolvimento que o livro consegue despertar.

Eu, particularmente, fiquei envolvida com os personagens, com os acontecimentos e lembrei muito de mim ao ler sobre
Lívia. Eu era muito parecida, sem preconceitos, sem ter medo do que os outros pensam, querendo mudar o mundo com as minhas ações, extremamente inocente e otimista. Mas, eu era mais questionadora, mais guerreira e menos resignada.

Com certeza, se isso tivesse acontecido comigo, eu ia virar a paz da minha família de pernas para o ar. E, certamente, a reação dos meus entes queridos seria muito parecida com a reação da família de
Lívia: desespero, preocupação e instinto de proteção aflorado. Sofri por ver o peso que essa adolescente carregou e vibrava com cada conquista dos pombinhos. É uma situação difícil, é uma história real, é um fato que marca a vida dos envolvidos e que foi, sabiamente, transformado em um livro ótimo!

Sobre o Autor

Samir Thomaz é editor assistente da Editora Ática. É autor de dois livros de literatura juvenil: Eu pensava... e Carpe Diem - O Crime Bate à Porta. Meu Caro H - A Convivência de um Escritor com o Vírus da Aids foi lançado no dia 29 de novembro de 2000.

Onde Comprar:
Na Livraria Resposta e na Livraria Solução por R$ 35,00.


O combinado!

E, em breve, vocês poderão conferir aqui uma entrevista EXCLUSIVA com o autor dos dois livros autobiográficos sobre os quais já postei: Meu Caro H e Te espero o tempo que for. Combinamos isso logo que recebi o contato do autor (não sabe da história? Leia tudo aqui!). Olha que chique, hoje somos até amigos de orkut (site que, aliás, tem participação ativa no livro).

E, junto com a entrevista, vem aí ua promoção ótima! Quer ganhar um exemplar de Te espero o tempo que for? Então, fiquei ligado no Leitura! :)

terça-feira, 2 de março de 2010

Vidas Secas - Graciliano Ramos - Record

Um clássico da nossa literatura, que orgulha todos os brasileiros que o leem. Vidas Secas retrata, como o nome diz, a vida de uma família que luta para seguir em frente, em meio à pobreza, à fome e à seca que assola o nordeste do nosso País.

E é fácil se apegar a esses personagens, em especial à cadela Baleia, que tem no seu nome o antagonismo para um corpo magro, com todas as costelas aparecendo e alimentos escassos para sua sobrevivência. A família de nordestinos é composta por Fabiano, Sinhá Vitória, seus dois filhos e a cadela. É comovente, é triste, mas é real, acima de tudo.

Era real na época em que foi escrito (em 1938!!!), e é real, completamente real, ainda hoje.
A cachorrinha me tocou de uma forma especial, mas tudo isso só aconteceu pela maneira objetiva e eficiente com que a obra foi escrita. Em busca de uma vida melhor, o livro conta a saga dessa família, que segue em busca da felicidade, que está nas pequenas coisas, muitas vezes em um pedaço de pão ou em um pingo de chuva. Nota-se, no livro, a
ausência de comunicação entre os familiares.

Eles não conversam, porque não têm o que dizer, já que não sonham, já que não têm perspectiva e nem educação. Outro ponto forte são as injustiças, o sofrimento e as desgraças, uma após a outra, que assolam a família sertaneja. Dá uma pena ler o livro... e esse sentimento vai só crescendo no decorrer da leitura. Melancolia e pena são palavras de ordem.


O filme

O filme baseado em Vidas Secas foi lançado em 1963 por Nelson Pereira dos Santos. Não assisti ao film
e, mas ouvi falar muito bem dele. Foi o único filme brasileiro a ser indicado pelo British Film Institute como uma das 360 obras fundamentais em uma cinemateca.
Confira um trecho:

Onde Comprar: Na Saraiva e no Submarino por R$ 20,60.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Eu sou mãe!

Porque mãe de cachorro também é mãe! Uhuuuuuuu!!! Adorei esse selinho! Ganhei da amada Elaine, do Um Pouco de Mim. Quem tem um filho peludo e quer esse selinho?

Me conta nos comentários se você tem um cachorro, assim posso conhecer mais sobre você! :)

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Cartas à Mãe - Ingrid Betancourt - Agir

O livro, recheado da mais pura emoção e do mais intenso desespero, foi elaborado por meio da compilação de uma carta de 12 páginas escrita por Ingrid durante seu cativeiro na selva e dedicada à sua mãe. Escrita em 24 de outubro de 2007, a carta foi encontrada em poder dos guerrilheiros presos pelo governo da Colômbia, em Bogotá, no final de 2007. Essa carta foi um divisor de águas para o início de um movimento da opinião pública e da imprensa mundial, que passaram a cobrar uma solução para o caso, depois de tantos anos sem uma prova de vida da candidata à Presidência da Colômbia.

A carta é linda e, em muitos momentos, Ingrid agradece à sua mãe por, mesmo sem ter certeza se sua filha contonuava viva ou não, ia todo dia falar em um programa de rádio, com a esperança de que ela ouvisse. E ela ouvia.

Logo que a carta termina, o livro traz a carta em resposta, escrita por seus filhos e, depois, um posfácio com algumas informações a respeito das Farc e da situação dos sequestrados.

A carta de Ingrid é intensa, sincera, verdadeira e me emocionou por diversas vezes. Mais uma vez eu paguei mico no metrô, chorando feito criança com o livro aberto nas mãos.

Já a resposta de seus filhos mostra o quanto o orgulho e o autoritarismo de alguns políticos podem interferir na vida de várias pessoas. Ao pensar que o sofrimento de anos dessas centenas de sequestrados podia ter acabado em algumas horas é revoltante!

Ingrid x Clara Rojas

Ao contrário do livro de Clara - Eu, Prisioneira das Farc - Cartas à Mãe não conta muito detalhes do dia-a-dia na selva, afinal, por ser uma carta dirigida à família, Ingrid tenta falar de coisas boas e mandar recados, ao invés de ficar preocupando e angustiando seus entes queridos.

O livro é pequeno e pode ser lido em poucas horas, ao contrário do livro de Clara, que é um pouco maior.

Outra diferença é a questão da amizade. No livro de Clara, comentei na resenha sobre o encerramento estranho e misterioso da amizade entre as duas. Comprei o livro de Ingrid com o objetivo de conseguir essas respostas, o que não aconteceu. Pior do que escrever de forma obscura sobre o assunto, como fez Clara, é simplesmente não mencionar o nome da amiga, como fez Ingrid.

Ou seja, minhas perguntas continuam sem resposta, mas Cartas à Mãe é lindo, transborda amor e vale a pena ser lido por quem acompanhou todos aqueles acontecimentos e para quem, como eu, não consegue entender o que fez um mulher como Ingrid Betancourt aguentar todos aqueles anos de profundo sofrimento.
Eu, sinceramente, não sei se teria conseguido.

Confira um trecho


"Sinto-me vencida"

"Esses seis anos ou quase de cativeiro demonstraram que não sou nem tão resistente, nem tão corajosa, inteligente e forte quanto pensava. Travei muitas batalhas, tentei a fuga diversas vezes, procurei manter a esperança como mantemos a cabeça fora d'água. Mas hoje, mamita, sinto-me vencida".

Sobre a Autora

Para saber mais sobre Ingrid, nada melhor do que devorar esse infográfico do Estadão.

Onde comprar

Os lugares mais baratos que encontrei foram: Submarino, por R$ 9,90 (aproveitem!!!) e Livraria da Travessa, por R$ 16,51.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Da série: o que me deixa bege


A blogosfera literária unida vem através desta blogagem coletiva mostrar seu repúdio a aqueles que se utilizam dos textos alheios para se projetar na web.

O mundo virtual dos blogs é um espaço livre, de compartilhamento de ideias e opiniões, mas essa liberdade também deve ser norteada pelos princípios da ética e da camaradagem.

Infelizmente a ética e a camaradagem não têm sido respeitadas por algumas pessoas. Nos últimos dias tivemos conhecimento de que um dos blogs dedicados a falar sobre o universo dos livros o "Nossos Romances", foi quase que totalmente copiado. A proprietária (e nós também) vimos que além do layout do blog, vários textos foram simplesmente transplantados de um blog para o outro. A confirmação do plágio se deu a partir da comprovação que as mesmas resenhas publicadas no blog Nossos Romances, estavam publicadas aqui.


As blogueiras têm consciência de quando os textos estão inseridos na internet, há possibilidade de menções e cópias, mas o que não é admitido é ter os nossos textos copiados, sem a nossa autorização ou, pelo menos, um aviso de que o texto será reproduzido. A falta desse aviso é compreendido pelas blogueiras como uma simples cópia com o intuito de aproveitar-se da audiência e/ou sucesso alheio.

O caso do blog Nossos Romances que teve seu template e textos copiados, chegou a tal ponto que até o domínio .com.br foi registrado. A ação é considerada como plágio e a blogosfera literária repudia, abomina e em conjunto vai denunciar essa atitude.

"Eu to passada!!!! Isso é inconcebível! Espero que Lili consiga justiça e que, um dia, todos os blogueiros possam rir desse episódio e do fim que o infeliz levou."

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

O Albatroz Azul - João Ubaldo Ribeiro - Nova Fronteira

Tertuliano é um idoso que, tendo a certeza de que sua morte estava próxima, tem uma visão de toda a sua vida e, a partir daí, busca renovação, renascimento e o sentido para tudo.

A primeira coisa que notei durante a leitura foi como o autor consegue nos aproximar do personagem principal, fazendo com que sintamos carinho, afeição e curiosidade sobre a evolução dos acontecimentos.
Confesso que demorei um pouco para me habituar à esccrita de Ubaldo, as palavras escolhidas, as gírias da Bahia, a maneira diferente de se expressar e a pitada sarcástica e bem humorada do autor. Mas, depois de pegar o ritmo, a leitura torna-se agradável e fácil, fluindo tranquilamente.

Há partes muito engraçadas, em que fica quase impossível não gargalhar, e outras que podem ser consideradas drama puro, como o momento em que ele relembra sua infância e um acontecimento que mudou sua vida para sempre.

E, durante toda leitura, a dúvida sobre o nome do livro me intrigava. Não entendi a relação do nome com a história que lia. Mas, tudo tem sentido nas duas últimas páginas. E, no final, o que resta é uma sensação agradável, a paz que o livro deixa de herança e ainda mais admiração pelo autor que, no seu estilo, realmente tem um dom único para a escrita.

Para saber mais, acesse o site do livro!


Sobre o Autor

João Ubaldo Ribeiro é baiano da Ilha de Itaparica. Seu primeiro romance,
Setembro não tem sentido, foi publicado quando tinha apenas 21 anos. É autor, entre outros, de Sargento Getúlio e Viva o povo brasileiro, marcos da literatura bra­sileira contemporânea.

Seus últimos ro­mances,
A casa dos budas ditosos, Miséria e grandeza do amor de Benedita e Diário do farol, venderam mais de 500 mil exem­plares. Membro da Academia Brasileira de Letras desde 1993, João Ubaldo Ribei­ro vive no Rio de Janeiro, onde dedica-se à literatura e colabora com jornais do Brasil e do exterior.

Em 2008, recebeu o Prêmio Camões, atribuído aos maiores escritores de língua portuguesa.


Onde Comprar

Os lugares mais baratos que encontrei foram: Submarino, por R$ 30,90 e Estante Virtual, por preços a partir de R$ 19,00.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

O que é isso, companheiro? - Fernando Gabeira - Companhia das Letras


Li essa obra no primeiro ano da minha faculdade de jornalismo, durante a matária História do Jornalismo, enquanto estudávamos a época da ditadura e da censura. Faz tempo que li (9 anos...ai, como o tempo passa!), mas parece que foi ontem.

O livro mexeu bastante comigo, apesar de eu nem sonhar em existir naquela época. Foi ótimo para viajar pelos anos 60 e 70, para se sentir na pele das pessoas que sofreram com a ditadura e também para entender o sentido de tudo o que grupos organizados tentaram alcançar ao realizar movimentos, ações bem intencionadas e algumas até criminosas em nome da volta dos direitos civis e da liberdade de expressão.

Além de trazer uma visão pessoal e bem detalhada daquela época por alguém que viveu de perto todos os horrores da ditadura, Fernando Gabeira escreve bem, de maneira envolvente e super direta, sem rodeios e nem floreios. Perfeito para o leitor ter vontade de continuar e, também, para combinar com a realidade dos fatos narrados.

Conforme traz a sinopse do livro, a obra busca compreender o sentido de suas experiências a luta armada, a militância numa organização clandestina, a prisão, a tortura, o exílio e no qual elabora, para a sua e para as gerações seguintes, um retrato autêntico e vertiginoso do Brasil dos anos 60 e 70. Relato lúcido, irônico, comovente, o livro se transformou num verdadeiro clássico do romance-depoimento brasileiro e foi filmado pelo diretor Bruno Barreto. Confira um pedaço do filme:





Assisti ao filme e também adorei! o ideal é recorrer aos dois, mas, se você é diferente de mim e tem preguiça de ler, o filme é uma ótima pedida!

É bem estranho ver o atual depuado feder
al e imaginar tudo o que ele já viveu e lutou um dia, mesmo que de maneira meio utópica, por um Brasil melhor. Acho que o melhor do livro é a sinceridade com que ele foi escrito. Adorei. Acho que, mais do que uma boa dica de leitura, o título é necessário para conhecer mais da história do nosso País.

Sobre o Autor


Nascido em 17 de fevereiro de 1941, em Juiz de Fora (MG), ele é filho de Paulo Gabeira e Izabel Nagle Gabeira. Como jornalista, trabalhou para o Jornal do Brasil, O Dia, Zero Hora, Folha de S. Paulo e para a TV Bandeirantes. Cobriu fatos importantes como o acidente radioativo com o césio 137, em Goiânia e o day after da queda do Muro de Berlim.

No final dos anos 60, ingressou na luta armada contra a ditadura militar por meio do MR-8 (Movimento Revolucionário 8 de Outubro). Em 1969, participou do seqüestro do embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Charles Elbrick, a ação mais radical da guerrilha contra o regime autoritário. Foi baleado, preso e, mais tarde, exilado, numa operação que envolveu a troca de presos políticos pelo embaixador da Alemanha, também seqüestrado pela guerrilha.

Em dez anos de exílio, esteve em vários países, como Itália e Suécia, onde trabalhou até como condutor de metrô. Com a anistia, voltou ao Brasil no final de 1979, e lançou o livro "O que é isso, companheiro?". Em 1989, concorreu à Presidência da República pelo Partido Verde, mas, na ocasião, Fernando Collor foi eleito presidente.

Em 1994, 1998 e 2006, Gabeira foi eleito deputado federal. Confirma o site oficial de Fernando Gabeira.

Onde Comprar

Os lugares mais baratos que encontrei foram: Cia dos Livros, por R$ 14,63 e Americanas, por R$ 17,90.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Gentileza gera gentileza!

Esse selinho fofo e bem bresileiro foi oferecido pela querida Kátia do Colcha de Retalhos. Ele me deu há séculos, mas só consegui postar agora, pode?

Os indicados:

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

É por essas e outras que eu AMO a internet

Lembram que escrevi uma resenha sobre o livro Meu Caro H? Aquele que eu li na adolescência sobre um portador do vírus HIV?

Pois bem, essa resenha me rendeu boas surpresas! A primeira foi um comentário escrito pelo próprio autor do livro. Para lê-lo, deixa de preguiça e vá até o post. Tá bom, tá bom, vou transcrevê-lo:

Samir Thomaz disse...

Carla, obrigado pelo seu comentário. Deu pra sentir que você leu o livro de uma maneira bastante intensa, o que só me deixa orgulhoso e gratificado em razão da qualidade da análise que você fez. Eu gostaria de lhe agradecer enviando-lhe um exemplar do meu livro lançado em outubro, "Te espero o tempo que for", um romance autobiográfico que trata de uma situação específica pelo fato de eu ser soro.

Não queria escrever mais sobre esse assunto, mas uma vez que se carrega o vírus nas veias e se expõe do modo como eu me expus, tem de saber que poderá sofrer preconceito e ter sua liberdade restrita. Foi o que aconteceu comigo e por isso eu voltei ao assunto.


Gostaria que, se for do seu interesse, claro, me enviasse o seu endereço para o meu e-mail (samirthomas@gmail.com), para que eu possa retribuir a sua generosidade em palavras.
Um abraço.
Samir

Não é demais? Quando isso tudo seria possível sem a internet? Não é só porque ela é meu ganha pão não, sou fã de carteirinha MESMO! E nem imagino mais minha vida sem ela! Esse é o lado bom dos tempos modernos!

Mais que rapidamente respondi o e-mail do Samir e fomos nos falando sobre o envio do livro. Nesse mei
o tempo, recebi um e-mail de uma leitora fofíssima, a Lu Vieira, do Máquina de Letras, dizendo que ela tinha AMADO a resenha sobre o livro e, mais ainda, o comentário de Samir. Ela manifestou um super interesse em ler uma entrevista com o autor, e sugeriu que eu propusesse isso a ele.

Lá fui eu enviar um outro e-mail com o pedido da entrevista. Quem tem boca vai a Roma, néaammm? Samir foi um fofo e topou! Uhu!! :)


Então, aguardem! Assim que eu acabar de ler Te espero o tempo que for, farei a entrevista com o autor da obra, Samir Thomaz, e publicarei tudo aqui para vocês conferirem!

Para finalizar, preciso dividir com vocês a super novidade que foi o motivo do post: os livros chegaram!!!!


Isso mesmo, Samir enviou o Te espero o tempo que for, com uma dedicatória L-I-N-D-A e ainda o Carpe Diem, sua primeira obra.

Abaixo, deixo vocês com as fotos dos livros e das dedicatórias super carinhosas do Samir. Porque não basta ser escritor, é preciso ter alma de poeta. ;)

Os livros

Dedicatória - Carpe Diem

Dedicatória - Te espero o tempo que for

Para ver as fotos em tamanho maior, é só clicar.

E aí, concordam comigo? A internet não merece todo o meu amor?

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Ensaio Sobre a Cegueira - José Saramago - Companhia das Letras


Eu sou suspeita, porque fiquei fascinada por Saramago depois de ler esse livro. Fascinada.

O livro é perturbador, de qualidade única, tão bem escrito que chegou a provocar reações físicas enquanto eu o lia. Cheguei a ficar enjoada, um dia, enquanto lia a descrição do estado do local onde os cegos estavam abrigados.
A narrativa é realmente singular, a cegueira que aflige o mundo inteiro - e que é branca, e não preta, como normalmente - pode significar várias coisas, dependendo do entendimento de cada leitor. O mesmo ocorre para o fato de apenas uma mulher não ficar cega e para o final do livro. Então, o livro é, ao mesmo tempo, objetivo e subjetivo.
Ao mesmo tempo, o livro trata de um assunto praticamente irreal, mas trata também da alma humana, tal qual ela é, trazendo uma dose maciça de realidade. Na realidade, Ensaio é uma metáforo do mundo em que vivemos, onde enxergamos, mas somos todos cegos. Onde somos todos iguais, mas estamos sempre segregando, fazendo diferenças.

E a forma única - e marca registrada - de Saramago escrever, sem pontuação alguma, incomodou muita gente, mas a mim não interferiu em nada. Porque a narrativa tem tanta qualidade, mas tanta, que é fácil se envolver e acostumar com a forma com que o livro foi escrito.

Outro detalhe muito legal é a falta de nomes dos personagens. Para que nomes, se os cegos tornam-se todos iguais, sem diferenças de imagem e posses?


Ensaio sobre a Cegueira foi um dos livros que mais me marcou. Um dos livros que, certamente, lembrarei para sempre. É lindo, é intenso, é pura verdade.


O filme


O livro, de 1995, inspirou muito cineastas a adaptarem a história para as telas. mas, Saramago nunca permitiu. Até que Fernando meirelles conseguiu a façanha. Por conta disso, a pressão era grande e Meirelles estava muito ansioso e receoso de provocar uma reação negativa no autor, ao assistir ao filme.

Acompanhei o blog do cineasta durante as filmagens e, quando ele postou esse vídeo, chorei demais. Olha que linda a reação de Saramago! Certamente esse foi o momento mais especial da carreira de Meirelles.



E, realmente, o filme foi um feito e tanto. Costumo me decepcionar muito com adaptações, sempre as acho muito inferiores aos livros, mas Ensaio ficou ótimo! E meu marido, que foi comigo ao cinema e não tinha lido o livro, saiu de lá emocionado e completamente mexido. Então, se mexeu com quem leu e com quem não leu, cumpriu seu papel, e de forma louvável.

Em nome da literatura e para seu próprio bem, leia Ensaio sobre a Cegueira. Você não vai se arrepender.


Sobre o Autor


José Saramago nasceu na aldeia ribatejana de Azinhaga, concelho de Golegã, no dia 16 de Novembro de 1922, embora o registo oficial mencione o dia 18. Seus pais emigraram para Lisboa quando ele ainda não perfizera três anos de idade. Toda a sua vida tem decorrido na capital, embora até ao princípio da idade madura tivessem sido numerosas e às vezes prolongadas as suas estadas na aldeia natal. Fez estudos secundários (liceal e técnico) que não pôde continuar por dificuldades econômicas.
No seu primeiro emprego foi serralheiro mecânico, tendo depois exercido diversas outras profissões, a saber: desenhador, funcionário da saúde e da previdência social, editor, tradutor, jornalista. Publicou o seu primeiro livro, um romance ("Terra do Pecado"), em 1947, tendo estado depois sem publicar até 1966. Trabalhou durante doze anos numa editora, onde exerceu funções de direcção literária e de produção. Colaborou como crítico literário na Revista "Seara Nova".
Em 1972 e 1973 fez parte da redacção do Jornal "Diário de Lisboa" onde foi comentador político, tendo também coordenado, durante alguns meses, o suplemento cultural daquele vespertino. Pertenceu à primeira Direcção da Associação Portuguesa de Escritores. Entre Abril e Novembro de 1975 foi director-adjunto do "Diário de Notícias". Desde 1976 vive exclusivamente do seu trabalho literário.
Onde Comprar
Os lugares mais baratos que encontrei foram: Cia dos Livros, por R$ 29,00 e Saraiva, por R$ 29,30.