terça-feira, 6 de abril de 2010

Entrevista com Samiz Thomaz - Parte 2

Olá, minha gente!!! Com um dia de atraso (peço desculpas, mas a semana começou com a correria tipica de São Paulo), confiram a segunda parte da entrevista exclusiva com Samir Thomaz.

Ele é
autor de Meu Caro H (o livro em que o autor tornou pública a sua experiência ao saber que era portador do vírus HIV) e Te Espero o tempo que for (livro em que o autor conta sua história com o amor da segunda parte de sua vida e toda dificuldade que encontraram por conta do HIV).

Para entender como rolou toda a história dessa entrevista, clique aqui.

Confira a segunda parte da entrevista:


6 - Depois que o livro acaba, bate uma curiosidade imensa para saber o que aconteceu depois. Resuma alguns fatos marcantes sobre a vida de vocês depois do último episódio contado no livro.

O que aconteceu depois de 2005 e 2006, o período narrado no livro, foi que passamos a nos encontrar primeiro em Botucatu, onde ela fazia cursinho, e depois em Bauru, onde ela passou a fazer faculdade. Ou seja, passamos a ter um namoro clandestino.

Não é uma vida que eu desejaria para o meu maior inimigo. Vivíamos sempre com medo, pois o pai dela sempre disse com todas as letras que se soubesse que nos encontrávamos, mataria os dois. Esse foi o tom do namoro nesses últimos anos. Enfim, sobrevivemos a tudo isso.

O que ficou foi a memória de ter vivido uma história de amor intensa e proibida. E eu, como narrador vocacionado, não poderia deixar de colocar essa história no papel.

7 - Você se viram mais vezes ou namoraram todos esses anos só pela internet?

Nós nos víamos a cada dois meses. E conversávamos diariamente pelo celular várias vezes ao dia, conforme é narrado no livro. Ela veio a São Paulo duas vezes durante esse período, também clandestinamente.

8 - Você nunca mais viu a família da Liliane? Eles foram contra o relacionamento de vocês até o final?

A questão, para eles, era o hiv. Uma questão que envolve sentimento religioso e zelo pela filha. Eu nunca questionei a legitimidade desse zelo, apenas a forma como eles o conduziram. Eles me trataram bem nas duas vezes em que fui lá, em 2005, mas ao saberem do vírus, radicalizaram e proibiram o namoro.

O pai dela chegou a me ameaçar de morte caso eu aparecesse por lá. E tem a cena de violência extrema sofrida por ela, em julho de 2006, por causa do namoro. Foi uma dos trechos mais dolorosos de ser escrito. Mas exceto nesses momentos de violência contra ela, eu nunca senti raiva ou ódio deles.

São pessoas honradas e honestas que apenas reproduzem o padrão de comportamento que herdaram de seus pais. E, em último caso, eu me apaixonei pela filha deles. O que me encantou na personalidade dela é fruto da educação que eles deram a ela.

9 - Acha que toda essa luta contra vocês acabou atrapalhando tudo?

Atrapalhar, atrapalhou. Mas eu fico pensando se tudo não teve um sabor especial justamente por causa da proibição. Eu sabia que não se tratava de uma situação comum. Eu tinha 41 anos, ela 16. Eu era soropositivo e separado; ela era filha de pais católicos extremados e tinha a idade da minha filha.

Eu sabia que não encontraria vida fácil. Ao mesmo tempo, não consegui evitar a paixão diante de uma garota tão corajosa e fascinante. Minha atitude envolvia sentimento. Eu não era um sacana, um pedófilo, como algumas pessoas chegaram a me chamar, pegando uma adolescente indefesa. E nem ela era uma menina ingênua, que não sabia o que estava fazendo. A Liliane era bem madura. Em geral as mulheres são mais maduras do que os homens. Chego a dizer que em alguns aspectos ela era mais maduro do que eu.

10 - Se você não fosse soropositivo e Joyce chegasse e casa um dia, te chamasse para conversar e te contasse que estava namorando um homem da sua idade e portador do vírus HIV, qual seria sua reação?

Seria negativa, claro. E iria precisar de um tempo para aceitar a situação. Mas ouviria os dois. E se sentisse que o cara estivesse bem intencionado, não me oporia. Mas isso é uma hipótese. As coisas em geral não ocorrem dessa forma tão simplista como eu coloquei.

Esse tipo de situação normalmente vem investido de uma complexidade com a qual nem sempre a gente sabe lidar. Eu compreendo o embaraço que causei aos pais da Liliane.

Mas não compreendo a falta de abertura, de diálogo. E não compactuo com a violência usada algumas vezes por eles para tentar resolver a situação. Com o tempo, ficou claro que nossa relação era forte, que envolvia sentimento, que eu não era nenhum inconseqüente. Mesmo assim, eles nunca caminharam um centímetro no sentido de me aceitar. Foi um “não” inapelável do começo ao fim.

Achei essaa segunda parte da entrevista bem reveladora. Incrível como Samir conta a sua vida pra gente, como um livro aberto de pura realidade, né? E vocês, gostaram?

Deixem seus comentários! Sexta-feira tem a parte 3!! :)

20 comentários:

  1. oi querida, bom, ele namorou uma moça menor de idade e ele bem mais velho. não sou a favor da violência, mas entendo os pais ficarem chocados, não pela doença, mas por ela ser menor de idade e estar em uma época de contestação. pode ser mesmo q ele tenha razão, ela se apaixonou mais pela contestação, pra chocar do q por ele propriamente. beijos, pedrita

    ResponderExcluir
  2. Ah, Samir fala de modo bem aberto, tem uma visão legal das coisas e compreende a complexidade da situação acima descrita. Eu também entendo os pais da garota e tudo mais, e claro, o sentimento que os dois tinham um pelo outro, que era verdadeiro. Enfim, realmente é uma situação complexa, mas não sem solução alguma. É questão de diálogo, de entendimento mútuo.

    Gostei sim, querida. Muito legal essa nova parte da entrevista.
    Fico esperando pela próxima.
    Beijo.

    ResponderExcluir
  3. Minha querida eu concordo com a Pedrita , sou contra a violência e tento de toda forma não ter preconceitos,eu sou casada com um homem 10 anos mais novo , mas uma diferença de 25 anos sendo um menor não acho legal , sei -la e minha opinião.
    Opinião de mãe , por isso concordo com a Pedrita
    Alem do mais aos 16 anos, ela não esta completamente formada nem como mulher , nem seus sentimentos, aos 16 tudo e mais confuso e intenso , ela viveu um conto de fadas , Tipo ( nosso amor contra ao mundo ), Todos sabemos que ela vai amar e ser amada muitas vezes, essa e a vida .
    bjs

    ResponderExcluir
  4. Oi Carla,

    Obrigada por avisar :)
    E agora tbm que sigo o blog eu recebo tudo quevc posta pelo Greader então fica fãcil ;))

    Gostei mais ainda desta segunda parte, agora claro estou mortinha de curiosidade para ler o livro e saber mais sobre este relacionamento dos dois.

    O Samiz tem uma maneira muito bonita de escrever e passa uma sinceridade muito grande, e como vc disse ele conta a vida toda para a gente, achei isso muito legal.

    Parabéns, estou esperando a parte 3 :)

    bjos

    ResponderExcluir
  5. Concordo com você, Carla. A segunda parte é bem reveladora e eu gostei muito. Você fez ótimas perguntas e o Samir foi corajoso e sincero em nos contar. Eu me pergunto se os pais da Liliane leram os dois livros dele... Afinal, por meio deles é possível conhecer o caráter do Samir. Uma pena que pessoas com o vírus HIV sofram tanto preconceito. Dá para ter um relacionamento amoroso sem infectar o parceiro. Eu me lembrei de uma propaganda recente em que mostra um casal vivendo feliz, apesar do rapaz ter o vírus HIV. E esse "apesar" não é impedimento para não fazer sexo. Existem formas de fazê-lo com segurança. Penso que deveria haver mais propagandas sobre isso e mais novelas, filmes e teatros tendo personagens com o vírus. Mais livros, mais revistas... Enfim, mais informações para que as pessoas não discriminem as outras que têm AIDS. Beijos e até a terceira parte da entrevista!

    ResponderExcluir
  6. Gostei muito,Carla.Em um assunto delicado,a entrevista foi no tom certo.Obrigado por postar.Parabéns e um abração
    P.S.-Você tem twitter?facebook?
    beijos.

    ResponderExcluir
  7. Carla...
    Vc tem uma maravilhosa capacidade de conduzir uma entrevista com o autor de um livro de modo a instigar o leitor a o querer ler! Eu já me sentia instigado e agora o estou mais ainda. Ontem, segunda-feira, aliás, estive na Saraiva. Há lá à venda três livros do Samir, inclusive o "Meu Caro H", mas, infelizmente, não o "Te Espero o Tempo que For", a cuja leitura, estou, como disse, bastante instigado. No fim de semana, procurarei em outras livrarias. Se não encontrar, encomendo pela internet através de um dos links que vc indica...!
    Aguardo a terceira parte...
    Bjs!

    ResponderExcluir
  8. Carlinha,
    Estou gostando cada vez mais da entrevista.
    O Samir é o tipo de cara q fala bem aberto e q lida com a sua doença de modo bem real...
    O namoro dos dois poderia ter dado certo... Se não houvesse tanto preconceito pela família dela!
    Estou aguardando a 3ª parte mto ansiosa!!!

    bjão

    ResponderExcluir
  9. Carlinha, vc é demais!! Muito boa a entrevista, esperamos a 3ª parte.
    bjss

    ResponderExcluir
  10. Oi!
    Quanto tempo...
    Passando pra avisar que ainda estou blogando, e que após inumeros problemas técnicos meu endereço é www.ninamag.blogspot.com
    Passe lá, tem promo Clube do Dinheiro
    Beijos

    ResponderExcluir
  11. Olá Carla,
    Tenho de dar parabéns. A entrevista está excelente, estás sem dúvida na área certa.
    Gostei muito desta 2º parte e fico a aguardar a continuação. Fiquei claro curiosa com o livro:)))

    Bjinhos:)))

    ResponderExcluir
  12. Carla...

    Obriagdo por tua nova vista ao meu blog! É sempre uma honra para mim! Quanto à promoção da semana que vem, já estão abertas as inscrições? Estarei nessa!
    Bjs!
    Gugu Keller

    ResponderExcluir
  13. Olá!

    Parabéns pela entrevista!

    Beijinhos!!!

    ResponderExcluir
  14. Realmente é admirável a forma como ele se revela. Parabéns aos dois!

    ResponderExcluir
  15. Gostei muito da entrevista e da sinceridade com que ele respondeu as suas perguntas. Por meio delas a gente consegue compreender melhor os impasses, os desafios e as conquistas de um ser humano. Muito bom. Agora é esperar pela terceira parte.

    ResponderExcluir
  16. Pois é, querida, não deve ter sido fácil mesmo.

    Espero pela última parte da entrevista, e, claro, pela promoção! :D

    :*

    ResponderExcluir
  17. Sem palavras.
    Bom conhecer pessoas assim...
    Parabéns pela sua iniciativa!
    Bjs.

    ResponderExcluir
  18. Oi Carla! Estava sentindo a sua falta! Eu tb não tenho andado muito pelos blogs ultimamente... nem tenho escrito nada no meu, só coloco kits e mais kits, rsss
    Nossa, que coisa mais maravilhosa essa entrevista! Amanhã vou passar aqui para ler a terceira parte. Bjãoo!

    ResponderExcluir
  19. Parabéns pela entrevista! Não conhecia o trabalho dele. Gostei tanto das perguntas como das respostas.

    A namorada dele era realmente corajosa. Na idade dela, eu tinha medo até dos caras 5 anos mais velhos do que eu. Imagina assumir um namoro com um homem maduro e ainda ter que lutar contra preconceitos. Bem interessante conhecer essa história.

    ResponderExcluir
  20. Carlinha, entendo a posição dos pais da Liliane(por ela ser tão nova) e acredito na sinceridade dos sentimentos do Samir...situação delicada e difícil de enfrentar.
    Beijão

    ResponderExcluir