quinta-feira, 25 de julho de 2013

Dom Casmurro - Machado de Assis - Ed. Globo



Ambígua. Essa é a palavra que, para mim, melhor define essa história, bem como a personagem principal, Capitu. Machado de Assis é gênio, minha gente! Ele deixa o leitor, do início ao fim, com a pulga atrás da orelha e sem que consigamos chegar a qualquer conclusão: Capitu traiu ou não traiu Bentinho? Ela era cínica e dissimulada e sonsa e safada mesmo? Eis a questão. E está aí um dos maiores enigmas da literatura nacional.

Eu, como defensora das mulheres e como alguém que achou Bentinho um mala que merece ser corno bem machista, acredito que é tudo viagem dele. Mentira, não consegui formar uma opinião, não. Não dá! Não tem nenhuma pistinha no livro que penda para um lado ou para o outro.


A história é narrada por Bentinho, então só temos acesso a um lado da história, obviamente. E a vontade de ler um livro com a versão da Capitu tornou-se ENORME quando terminei o livro. Bem que Machado de Assis podia ter feito esse favor a nós, pobres mortais dotados de curiosidade aguçada.

É fato que Bentinho tem um pouco de mania de perseguição, além de ser ciumento e inseguro. Sendo assim, ele podia total estar viajando, bem como podia estar correto em suas suposições. E é exatamente essa dualidade que faz o livro ser tão especial.

O amor de Bentinho e Capitu começa na adolescência. Amigos de infância, ambos se apaixonam e Bentinho acaba não levando adiante a promessa de sua mãe, feita quando ele ainda era uma criança: a de que Bentinho seria padre.

Agora que tenho um filho (quando li não pensava nem em casar, quanto mais em ter filhos, devia ter uns 15 anos), acho que vou até reler o livro, pois acredito que vá encarar de outra maneira a parte em que ele fala das semelhanças entre seu filho e seu amigo morto.

Para mim, a obra trata mais de ciúmes do que de traição. Afinal, nada é consumado e, mesmo lendo e relendo, ora imaginando que a traição aconteceu, ora imaginando que não, absolutamente nenhum vestígio comprova nada. Recomendadíssimo! Um dos clássicos brasileiros de maior qualidade, na minha opinião.

Sobre o Autor

Joaquim Maria Machado de Assis foi um escritor brasileiro, e é amplamente considerado como o maior nome da literatura nacional. Escreveu em praticamente todos os gêneros literários. Foi poeta, romancista, cronista, dramaturgo, contista, folhetinista, jornalista e crítico literário. Testemunhou a mudança política no país quando a República substituiu o Império e foi um grande comentador e relator dos eventos político-sociais de sua época.

Sua extensa obra constitui-se de dez romances, dez peças teatrais, mais de duzentos contos, cinco coletâneas de poemas e sonetos, e mais de seiscentas crônicas. Machado de Assis é considerado o introdutor do Realismo no Brasil, com a publicação de Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881). Este romance é geralmente reconhecido como uma de suas obras-primas, ao lado das produções posteriores Quincas Borba, Dom Casmurro, Esaú e Jacó e Memorial de Aires. As quatro obras costumam ser vinculadas ao que se chama de sua segunda fase, em que se notam mais traços de pessimismo e ironia, embora se preservem resíduos de sua primeira fase, a romântica. As obras geralmente mais elogiadas da segunda fase são as da Trilogia Realista. Sua primeira fase literária é constituída de obras como Ressurreição, A Mão e a Luva, Helena e Iaiá Garcia, onde se notam características herdadas do Romantismo, ou "convencionalismo", como preferem alguns críticos contemporâneos.

Fonte: Wikipedia

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