segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Primeiro Amor - Samuel Beckett - Cosac & Naify

"Foi nesta vacaria, cheia de bostas secas e ocas que se desfaziam com um suspiro quando lhes espetava o dedo, que pela primeira vez na minha vida, e diria de bom grado a última se não tivesses de poupar no cianeto, tive de me defender de um sentimento que pouco a pouco assumiu, para meu infortúnio, o terrível nome de amor.

Teria eu desenhado o nome dela em merda velha de vaca se o meu amor fosse puro e desinteressado? E ainda por cima com o meu dedo, que a seguir chupei”


Li esse livro há mais de dois anos e não tinha conseguido, ainda, resenhar sobre ele. Sei da importância que o autor teve para a literatura mundial, sei que o livro tem muitas qualidades, sei que ele escrevia incontestavelmente bem, mas, sinceramente, não consegui gostar de Primeiro Amor. E, como esse foi o primeiro livro do autor que eu li, minhas impressões não foram das melhores.


Não sei se foi proposital (vindo dele, claro que foi!), mas o título romântico não tem absolutamente nada a ver com o conteúdo do livro. A obra é ácida, completamente perturbadora. Não há nada que fuja do banal na história, com muitos toques de humor.

O autor escreve um monólogo sobre seu primeiro amor. O livro é curto, rápido de ler, mas me deixou com um gosto amargo na boca ao terminar a última página.

E você, já leu esse livro? O que achou?

Sobre o Autor

O irlandês Samuel Beckett (1906-1987), que tem centenário de nascimento celebrado em 2006 (nasceu em Dublin no dia 13 de abril), é um dos principais nomes da literatura e da dramaturgia do século 20. Possuidor de estilo minimalista, o autor levou a palavra aos limites da linguagem, chegando a erradicar de alguns de seus textos as noções de tempo e de espaço, em tramas que, aparentemente, nada acontece _mas, nas entrelinhas, há um forte sentido existencial.

Os personagens que habitam seu universo são moribundos e decrépitos, por vezes condenados à imobilidade e ao discurso. Eles estão presentes em peças teatrais como "Esperando Godot" (Cosac&Naify), "Fim de Jogo" (Cosac&Naify) e "A Última Gravação de Krapp", na trilogia de prosa "Molloy", "Malone Morre" (Códex) e "O Inominável", além de habitarem o elíptico "Primeiro Amor" (Cosac&Naify) e o experimental "Como É" (Iluminuras) _texto radical, sem pontuação alguma, em que o personagem tenta se arrastar na lama.

Beckett surgiu para o mundo literário no entreguerras, durante sua estada em Paris, então epicentro cultural da Europa (lar também dos poetas T.S. Elliott e Ezra Pound). Em 1928, após ler "Ulysses", de James Joyce, conhece o autor e a partir de então estabelece relação muito próxima com ele, um dos grandes autores do século 20, chegando a colaborar na obra em progresso "Finnegans Wake", pilar da experimentação com a linguagem.

Ganhador do Prêmio Nobel de Literatura em 1969, Beckett teve reconhecimento em vida, já que sua obra mais conhecida foi escrita entre 1952 e 1957. Após a publicação das peças mais longas e da trilogia de romances, Beckett foi fragmentando cada vez mais seu estilo, criando série de textos teatrais curtos, romances elípticos e chegando a escrever até um roteiro para cinema.

Onde comprar

Os lugares mais baratos que encontrei foram: Cia dos Livros e Americanas.

17 comentários:

  1. Adoro as peças desse autor, mas ainda não li esse. Vou procurar na estante do meu namorado, ele dá aula de literatura, certamente deve ter.

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  2. Oi querida...
    Respondendo sua pergunta no meu blog...
    Eu li os livros e concordo que o EDWARD é um espetáculo... o ator não, hahahahah

    Bjs

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  3. Tem gente que nasce pro teatro vai ver foi o caso dele.

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  4. Hahaha imagino quantos não foram iludidos pelo título! Mas o cara escreve bem, mesmo que não seja o nosso gosto. Bjo!!

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  5. apesar de ter esse autor em várias listas, nunca li nada dele. beijos, pedrita

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  6. Não li e honestamente acho que não me atraiu!
    Bjs ;)

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  7. Beckett eh assim mesmo acido e perturbador, mas eu adoro!Sabia que encenei "Esperando Godot" la nos meus tempo de escola de teatro?me apaixonei por ele nesta epoca. Bjs.

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  8. Puxa, acho que esse é tipo de livro que não me encanta...
    Que pena que você não gostou... as vezes acontece, né??

    beijos,
    Dé...

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  9. Oi!!

    Entao, decidi ano passado que esse tipo de literatura não me apetece.
    A vida já e acida, prefiro os romanticos, pra contrabalancear meu lado dark and blue.
    Beijos

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  10. Olá Carla,
    Cai aqui através de um link de outro blog e achei muito bom!
    Sobre o Beckett, este au ainda não li, mas confesso que seu post despertou minha vontade, principalmente pela última frase de seu post. Esta sensação de gosto amargo as vezes faz bem. Vou conferir.
    Voltarei mais vezes.

    Se tiver um tempo, faça uma visita para mim. O endereço é:
    http://minervapop.blogspot.com

    Abs

    Sandro

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  11. Assisti "Esperando Godot" uma vez, e entrou pro meu top 5 de peças preferidas. Mas tenho certeza que um livro dele não seria dos meus preferidos pra se ler no metrô.

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  12. Antes de ler o Primeiro Amor é bom conhecer um pouco de Marcel Proust, já que a estrutura desse livro baseia-se nas relações entre o Tempo e seus auxiliares Hábito e Memória, valorizando o binômio Amor/Amizade. De uma perspectiva existencialista é uma leitura bem proveitosa também, questionamentos sobre o Ser em Si e Para Si do Sartre são bem pertinentes. Abraço!

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  13. Lamentavelmente Beckett não é para todos, ele não veio para ser popular, mas para ser gênio!

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    1. Concordo!! Não deixo de dizer que ele é sensacional, mas realmente esse livro não é pra mim. Beijo!

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  14. lamentavelmente Beckett não é para todos, ele não veio para ser popular, mas para ser gênio!

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  15. Um ode anti mediocridade. Recomendo muitoooo!

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