Quem lê meu blog sabe que eu sou vi-ci-a-da em livros que contam a realidade de mulheres acostumadas (ou não) e criadas em culturas diferentes da ocidental. Já li inúmeros e, na minha mini bibliotecda, tenho pelo menos quinze obras sobre esse tema.
A última que li foi o Minha Vida como Traidora, que conta os 30 dias de angústia e medo vividos pela então adolescente Zarah Ghahramani, presa e enviada à penitenciária mais notória de Teerã - Evin, sob acusação de ser uma ativista política contra o regime.
Eu x outros leitores
Para uma pessoa que leu um monte de livros sobre o tema, dos mais fortes aos mais centrados na política desses países, fui ficando cada vez mais exigente em relação à riqueza de detalhes e à maneira de contar esse tipo de história.
Por isso, minhas impressões são, certamente, bem diferentes das impressões de leitores que não são mega viciados em histórias desse tipo. Vou exemplificar: para mim, o livro não traz comentários sobre Evin tão fortes e impressionantes quanto alguns outros livros que já li.
Além disso, algumas passagens da infância da autora, que ela intercala com os capítulos em que descreve seus dias na prisão são, em sua maioria, desnecessários. Para mim, não há nada nessas passagens que enriqueça a leitura ou que torne a experiência mais rica.
Por outro lado, achei muito legal o fato de a autora mostrar, mais de uma vez, que suas crenças e toda a sua coragem de adolescente apaixonada terminou no instante em que a coisa ficou séria. Assim que foi presa e recebeu os primeiros atos de violência dos guardas da prisão, Zarah descobriu que toda a coragem que mostrava na universidade era pura empolgação típica de uma adolescente que lutava por encontrar seu lugar no mundo. Na hora da dor, ela assinaria qualquer papel, delataria todos os amigos e faria tudo o mais que lhe fosse possível para ser libertada daquele lugar.
Final muito bom
Eu até poderia dizer que o livro não me tocou e que fiquei um pouco frustrada com a leitura. Mas, ao chegar nos últimos cinco capítulos, minha opinião mudou completamente. A história ficou forte, cheia de ação e tensão, com acontecimentos surpreendentes que fizeram de Minha Vida como Traidora uma obra única. Era exatamente isso que eu estava esperando, algo que tornasse a obra marcante, algo que passasse uma mensagem significativa.
Após Zarah mostrar o que a violência pode fazer com pessoas, seja alguém como Zarah, que tinha uma vida perfeita, seja alguém como a carcereira deformada, que teve as marcas da guerra cravadas na carne e que, por dentro e por fora, nunca mais seria a mesma.
Li os últimos capítulos como se o mundo fosse acabar em seguida. Não queria perder um minuto. E o final do livro foi tão bom que valeu por todo o resto, que não alcançou as expectativas, mas que também não comprometeu. Mas, para quem não está tão acostumada com esse tipo de leitura, acredito que ela será super marcante e uma ótima experiência!
Então, se você tem Minha Vida como Traidora e não está conseguindo se envolver com a leitura, não desanime! Porque os últimos capítulos são tão bons que fazem tudo valer a pena. Para saber mais, não deixe de acessar o site oficial do livro. Lá também é possível comprá-lo online!
Sobre os Autores
Zarah Ghahramani nasceu em Teerã, em 1981, e vive atualmente na Austrália.
Robert Hillman nasceu em 1948 e escreveu diversos livros, entre eles A Life of Days, The Hour of Disguise, Writing Sparrow Hill e The Deepest Part of the Lake. Sua autobiografia, The Boy in the Green Suit, ganhou o Prêmio Nacional de Biografia da Austrália. Hoje, Hillman é escritor em tempo integral. Ele tem três filhos e mora na cidade de Warburton, no Vale Yarra, em Victoria.
Tia Virginia
Há um dia
Apaixonada, eu?
ResponderExcluirImagina..rss
Ai, ai
Oi Carla! Também curto livros assim! E eu sempre dou uma chance ao autor, não desisto nunca de um livro!
ResponderExcluirBJ
esse tb não conheço. beijos, pedrita
ResponderExcluirMenina, fiquei curiosa, mas preciso desengarrafar a "fila livral" que tenho em casa.....
ResponderExcluirtb gosto desses tipos de livros Carlinha
ResponderExcluirbjssss
Oi
ResponderExcluirEngraçado como a leitura é algo único para cada leitor... Eu me identifiquei muito com o processo de aprendizagem que ela transmitiu: a importância dos pais e professores na formação da Zarah - como ela aprendeu a pensar por si mesma e não conseguia aceitar as imposições absurdas do governo. Claro que, na pele dela, a gente se assustaria também - ser presa e interrogada e tratada como um nada é uma coisa que a gente não espera nunca. Outra coisa que apreciei foi a forma como ela tratou a linguagem e seus usos - sou formada em Letras (Tradução) e fiz pós graduação e estudei linguística - matéria por que sou apaixonada.
Adorei seu comentário!
bjs
na correria aqui tbm! bom meio de semana!
ResponderExcluirbjz
Adorei o seu blog, legal você ser jornalista (quando eu crescer quem sabe?)
ResponderExcluirEu também gosto muito de ler, sucesso pro seu blog!
Carla, adorei seu post e a sua sincera opinião :)
ResponderExcluirParece ser instigante...
Bjssss
Lili
Oba! Mais um livro interessante para ler... Mas vai demorar para acontecer isso, pois tenho um monte de livros que quero ler. Também gosto muito de ler livros sobre a sociedade oriental, principalmente sobre mulheres ou povo oprimido pelo governo. Abraços!
ResponderExcluirOlá,Carla. Tudo bem? Sou a Cecília e trabalho na Edelman, que é a agência de comunicação da Jorge Zahar Editor. Achei muito bacana o seu blog! Sempre visitamos blogs ligados aos temas referentes ao conteúdo dos livros da editora. Seu post remete ao livro "República Gastronômica da China", lançado recentemente. Mas é o contrário do que você resenhou: é uma jornalista norte-americana de família chinesa que se muda para a China atrás das suas raízes. E ai percebemos como embora ela seja de familia chinesa e que ela tenha vivido a cultura oriental, teve uma criação totalmente ocidentalizada.
ResponderExcluirUm abraço!
O problema de alguns autores é enrolação (ou no português claro: encher linguiça) para o livro ficar maior. Sei lá se é isso, mas é exatamente o que sinto quando leio trechos desnecessários num livro.
ResponderExcluirMas que bom que o final valeu a pena. =]
Perecebo que você é igual a mim: mesmo o livro parecendo chato, não desistimos de lê-lo. O bom de dar um crédito é que a história pode nos surpreender.
Beijos,
Mari
www.rosas.nadiapag.com
Lembrei-me da heroína Sophie Scholl, que se recusou a aceitar a tirania nazista-facista-nacional-socialista. E mesmo tendo confessado as mentiras que eles queriam sob tortura ela enfrentou a guilhotina de cabeça erguida e sem arrependimento! Graças a Allah que esta jovem iraniana, em outro caso parecido ao de Scholl, escapou de ser apedrejada na rua como tantas outras o são até hoje, ou de ser fuzilada pelo governo ditatorial pseudo-religioso de seu país e hoje vive em liberdade na grande, livre e bela Austrália... A questão é que houve uma "reforma" no catolicismo, mas não houve uma "reforma" no islamismo, e até isso ocorrer, as mulheres de lá serão apedrejadas e feridas... Enquanto isso, alguns paises que defendem "valores democráticos", mantêm excelentes relações diplomáticas com estas ditaduras pseudo-religiosas fascistas... Por motivos "financeiros" obviamente... A questão é... Até quando?
ResponderExcluirUm abraço do conde, até breve...