sábado, 4 de julho de 2009

Para Sempre Alice - Lisa Genova - Nova Fronteira

"Quando não há mais certezas possíveis, só o amor sabe o que é verdade"

Desde que li a resenha da Bia sobre o livro fiquei louca de vontade de ler. A capa, o nome e a frase que resume a obra me tocaram de uma maneira forte e diferente. Assim que o livro chegou em casa, comecei a acelerar a leitura anterior (Memórias de Minhas Putas Tristes) para terminá-la logo e começar a ler Para Sempre Alice.

Depois que li a orelha, a introdução e os agradecimentos, ritual com o qual me acostumei antes de iniciar a leitura de qualquer livro, simplesmente fui absorvida por uma vontade enorme de engolir as páginas. Li o livro em quatro dias e, quando não estava lendo, estava pensando na história, contando para os amigos ou esperando ansiosamente a hora que eu conseguiria sentar novamente e continuar a descobrir o que mais Alice estava sentindo, pensando, passando.
Antes de continuar, um aviso:
Essa resenha será bastante passional, porque eu simplesmente me apaixonei pelo livro e virei fã da autora, por sua competência, por sua pesquisa, pelo jeito com que escreve e por sua delicadeza.
Para Sempre Alice é, sim, uma história que deve ser contada e é, mais ainda, uma história que deve ser lida. Seja para conhecer mais o Mal de Alzheimer, uma doença cruel, degenerativa e sem cura - o que já é suficiente para causar uma dor arrebatadora nas pessoas que descobrem ser portadoras da doença - seja para ler uma história muito bem escrita e que toca profundamente o leitor.

Para começar a leitura...

 ...é importante saber que Alice, a personagem central da trama - a quem aprendemos a amar e por quem torcemos desde as primeiras páginas até a última linha do livro - é uma mulher de 50 anos, que começa a esquecer pequenas coisas, até perceber que essas pequenas coisas tornaram-se grandes demais para serem apenas sinais de cansaço ou rotina agitada. Então, Alice procura um médico sem contar à família, por estar acostumada a ser independente e resolver seus problemas de maneira prática e objetiva. O diagnóstico inesperado de sua doença altera para sempre sua vida e sua maneira de se relacionar com a própria família e com o mundo.

Para homens e mulheres, de maneiras diferentes 

Acho que o livro chega a ser necessário a todos aqueles que têm familiares ou conhecem alguém com o Mal de Alzheimer. A história toca pessoas de todas as idades e de ambos os sexos, mas de maneiras diferentes. Acredito que os homens se identificarão mais com John, marido de Alice, que sofre por ver sua mulher tão admirada e independente definhar e piorar a olhos vistos, ao mesmo tempo em que precisa fazer concessões em sua carreira e em suas maiores paixões para cuidar da companheira e lutar, junto com ela, por uma vida feliz, com dignidade e com o máximo de "Alice" possível.

Já para as mulheres, principalmente aquelas que trabalham e que exercem diversos papéis na sociedade - mãe, esposa, profissional, amiga, dona de casa - o livro toca porque você sente na pele - sim, comigo chegou a ser físico, de tanta dor e pesar que eu sentia enquanto lia - o que uma doença como essa pode fazer com uma pessoa. Se eu fosse diagnosticada com o Mal de Alzheimer de instalação precoce, sentiria e passaria, certamente, exatamente pelas mesmas coisas que Alice.

 

Porque é tão especial

Para mim, o livro foi tão especial porque retrata a doença do ponto de vista do paciente. Isso é uma forma esclarecedora e até revolucionária de tratar esse mal, já que, como a doença faz com que os pacientes se esqueçam de tudo, a gente só tem informações sobre os cuidadores, sobre como agir com quem possui o mal, sobre os sintomas e sobre os avanços no tratamento. E sobre quem possui a doença? E sobre o que eles passam nesse período de transição? E sobre os lapsos que ocorrem nesse processo?

As pessoas acabam esquecendo que a doença toma conta do cérebro aos poucos e simplesmente ignoram os pacientes, como se só quem cuida e convive com um portador de Alzheimer precisasse de conforto, informações e auxílio. Até piorar e esquecer as informações mais importantes de sua vida, Alice ainda lembrava-se que tinha uma carreira, que tinha uma família e que tinha Alzheimer, mas precisou decidir como criar um plano para sua vida sozinha, já que não enconotrou ajuda especializada para pacientes, só para cuidadores.

Outro ponto forte do livro é a ausência de explicações óbvias, que muitos autores insistem em fazer, mas que Lisa deixa a cargo dos leitores, sem menosprezar sua inteligência. Por exemplo, no final do livro, aparece uma personagem nova, a Carola. Ao ler algumas linhas do epílogo, fica óbvio que Alice piorou um pouco mais e que, por John não estar mais por perto a todo momento, foi preciso contratar uma pessoa para cuidar de Alice enquanto seus filhos estivessem fora de casa. Mas Lisa não diz efetivamente quem é Carola, e, para que dizer?

E um detalhe que fez com que eu admirasse ainda mais a autora foi a maneira de construir o livro, exigindo que o leitor tivesse "boa memória", exercitando-a a todo momento. Isso porque ela conta alguns casos sem muitas explicações e sem um final efetivo. E depois, muitas páginas a frente, você acaba sabendo o que realmente aconteceu por meio de um diálogo qualquer. Eu, pelo menos, identificava na hora que aquelas eram as informações que faltavam do episódio lido a pouco. Achei esse detalhe divino, tendo em vista que o livro trata de uma doença que afeta a memória. Ge-ni-al!!!

 

O Mal de Alzheimer

O Mal de Alzheimer é a forma mais comum de demência. Esta doença degenerativa, até o momento incurável, foi descrita pela primeira vez em 1906 pelo psiquiatra alemão Alois Alzheimer, de quem herdou o nome. Esta doença afeta geralmente pessoas acima dos 65 anos, embora o seu diagnóstico seja possível também em pessoas mais novas do que esta idade.

Em 2006 o número de portadores de Alzheimer diagnosticados era cerca de 26.6 milhões de pessoas no mundo inteiro.

Cada paciente de Alzheimer sofre a doença de forma única, mas existem pontos em comum, como a perda de memória. Muitas vezes os primeiros sintomas são confundidos com problemas de idade ou de stress. Quando é suspeitado o Alzheimer, o paciente é submetido a uma série de testes cognitivos.

Com o avançar da doença vão aparecendo novos sintomas como confusão, irritabilidade e agressividade, alterações de humor, falhas na linguagem, perda de memória a longo prazo e o paciente começa a desligar-se da realidade. As suas funções motoras começam a perder-se e o paciente acaba por morrer. Antes de se tornar totalmente aparente, o Alzheimer vai-se desenvolvendo por um período indeterminado de tempo e pode manter-se invisível durante anos. Menos de três por cento dos diagnosticados vivem mais de 40 anos depois do diagnóstico.

Vale a visita a um site muito legal que encontrei na internet sobre o assunto. Aqui você encontra depoimentos e muita informação importante. 
Sobre a AutoraLisa Genova é ph.D. em neurociência pela Universidade Harvard e escreve uma coluna virtual para a Associação Nacional de Alzheimer. Ela vive com sua família em Massachusetts. Para sempre Alice é seu primeiro livro.

Para Sempre Alice é feito, essencialmente, de pura matéria-prima humana e, por isso, ficara para sempre em minha memória. Porque tem livros que são assim, inesquecíveis. Que bom que o escolhi para ler e, agora, poderei guardá-lo na parte das memórias solidificadas do meu cérebro. :)

Para mais informações, não deixe de acessar o site oficial de Para Sempre Alice.


"De alguma forma e apesar de tudo, Alice é para sempre".

26 comentários:

  1. Esse livro é mesmo maravilhoso! Amei desde o momento em que comecei até a última linha!

    Beijos

    ResponderExcluir
  2. esse livro é mesmo maravilhoso! nos prende do começo ao fim de uma forma única!!!

    beijos

    ResponderExcluir
  3. Tens um selinho no meu blog à tua espera
    :)*

    ResponderExcluir
  4. Fiquei ainda mais curiosa. Infelizmente já vi dois casos de perto e tem um terceiro se aproximando.

    ResponderExcluir
  5. Oi Carla tudo bom?Querida tem um merecido selinho pra vc no meu blog!Bjos!

    ResponderExcluir
  6. Amei a sua resenha, foi a melhor que encontrei sobre esse livro até o momento... confesso que até então não tinha sentido nenhum interesse especial pela obra, mas agora mudei de idéia. Minha bisavó teve Alzheimer, e é mesmo uma doença muito triste. Fiquei com vontade de ler...

    Beijo! :)

    ResponderExcluir
  7. Olá

    Fiquei com muita vontade de ler. Mais um para a lista.

    Boas leituras
    beijinho

    ResponderExcluir
  8. Querida,
    Sua resenha foi simplesmente maravilhosa!
    Esse livro tem mesmo que ser lido, comentado e divulgado! Parabéns!

    Bjs e obrigada por me citar! ^^

    ResponderExcluir
  9. Oi...tem selinho p vc lá no blog e tb tem uma promoção, participa.

    bjs

    http://meninasdabahia.blogspot.com/

    ResponderExcluir
  10. acho q vo ter q ler esse livro.. é a segunda vez q me indicam hj e eu gostei msm do q se trata! beijos

    ResponderExcluir
  11. Parece muito interessante :)
    Parabéns pela opinião, está muito boa!

    ResponderExcluir
  12. Oi Carla!
    Obrigada pela dica! Vou encomendar alguns livros hoje mesmo.

    ResponderExcluir
  13. Ai, ai
    Se eu um dia eu escrever marromenu como vc, to feita.
    Bjusssssss

    ResponderExcluir
  14. Outro dia, passei pela livraria e vi a capa desse livro. Me interessei porque amo borboletas, mas estava com pressa e não parei para ler sobre ele.
    Adorei mesmo! Meu tio avô morreu de Alzheimer e tenho medo da minha avó (irmã dele) desenvolver a doença. Fato que lerei!
    Beijos,
    Mari
    www.rosas.nadiapag.com

    P.S.: Obrigada pelo selinho! Como estou há um tempinho sem visitar os blogs, demorei para encontrá-lo aqui, mas achei. rsrs
    P.S.2: Depois libera, por favor, para comentar aqui, continuo comentando numa conta que não existe mais. rsrs

    ResponderExcluir
  15. Sua resenha ficou um espetáculo... confesso que no começo estava achando o livro meio chato, mas aos poucos consegui envolver com a história! Ainda não terminei o livro, quando terminar farei um post tbm...estou meio corrida essa semana, mas parabéns, adorei suas palavras!!! Um bom dia...bjinhuss!!!

    ResponderExcluir
  16. Ai ai, comprei o livro e já tava com vontade de ler, agora que li a sua resenha, só me atiçou ainda mais, rs... bjs

    ResponderExcluir
  17. Carlinha
    Gostei muito da maneira como expos o livro e o assunto. Quero muito le-lo, mas nao agora...Perdi minha vó há 01 semana e que há 06 anos tinha Alzheimer. O pior de tudo, é que uma doença ingrata, rouba a pessoa de sentir a vida, a familia, seu dia a dia...é realmente muito triste.
    Bjks

    ResponderExcluir
  18. Putz, lendo o que você escrevreu, fiquei louca de vontade de ler este livro. bjs

    ResponderExcluir
  19. Já havia gostado da capa e, depois de ler seu relato sobre o livro acentuou a vontade de obtê-lo, amanhã mesmo farei isso. Parabéns, transmitistes muita emoção na escrita. Bj

    ResponderExcluir
  20. Foi maravilhoso ler a tua resenha! Reconheci cada frase tua e senti o mesmo que tu. Este livro é deveras tocante e altamente recomendável! É lindo, sim!
    Pus a tua resenha no meu blog.
    Um grande beijinho!!!

    ResponderExcluir
  21. Concordo a 110%
    É profundamente humano e comovente.
    A minha opinião: http://favouritereadings.blogspot.com/2009/10/ainda-alice.html

    ResponderExcluir
  22. Eu queria ler mas está esgotado em todas as livrarias... Sabem se tem para download em algum site?

    ResponderExcluir
  23. Oi, Jackie!

    Não faço ideia. :(
    Eu tenho o livro (adoro trocar livros no Skoob, mas esse não troco por nada!), se quiser podemos combinar e eu te empresto.

    Você mora em São Paulo?

    ResponderExcluir
  24. Outro livro maravilhoso que também li e, se não me engano, comentei lá no meu blog quando escrevi sobre Alzheimer (tenho dois tios com a doença, um já facelido).

    ResponderExcluir
  25. Eu não estou acreditando nisso...minha vó que faleceu aos 70 anos teve o Mal de Alzheimer e chama-se Alice a historia dela é linda...e agr está sendo lançado o livro dela que a irmã dela escreveu...''Simplesmente Alice" muita coincidência!!

    ResponderExcluir