segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Memórias do Cárcere - Graciliano Ramos - Record

"Resolvo-me a contar, depois de muita hesitação, casos passados há dez anos”.

Assim Graciliano Ramos começa a escrever Memórias do Cárcere, o primeiro livro desse estilo que eu li. Sua prisão aconteceu durante o Estado Novo e é narrada, dez anos depois, de uma maneira real, fiel e sem censuras nem exageros.

O livro é amargo, duro, seco. Porque a vida dele naquela época difícil, bem como os acontecimentos vividos também foram amargos, duros e secos. Adorei o livro e, apesar de tê-lo lido há muitos anos, lembro exatamente do impacto que me causou.
Em algumas edições, ele possui quatro volumes, mas, no meu caso, possuo um com dois volumes apenas.

Recomendo muitíssimo o livro, até para entender um pouco sobre essa época do nosso País. Para mim, foi bem importante, já que havia lido muito sobre a ditadura militar, os atos institucionais, a prisão e tortura de jornalistas, mas pouco sabia sobre o Estado Novo.


Virou filme

A obra, publicada somente 1953, foi transformada em filme por Nelson Pereira dos Santos.

A vida de Graciliano Ramos que, em 1936, ocupou o cargo público de diretor de instrução do Estado de Alagoas e na fase do Estado Novo (1937-1945) foi preso por causa das suas convicções políticas. O filme expõe um período desagradável na história do Brasil dentro de uma perspectiva pessoal. A criação da Aliança Nacional, em 1935, iniciou suas atividades como um vigoroso movimento de massas, no qual conviviam comunistas, socialistas, católicos, positivistas e democratas de vários partidos, atraídos pela frente ampla antifascista. Memórias do Cárcere é um grande clássico do cinema brasileiro.

Ficha Técnica
Nelson Pereira dos Santos - Diretor
Carlos Vereza - Graciliano Ramos
Gloria Pires - Heloisa Ramos
Jofre Soares - Soares
Jose Dumont - Mario Pinto
Nildo Parente - Manoel
Wilson Grey - Gaucho
Tonico Pereiro - Desiderio
Jorge Cherques - Goldberg
Jackson DeSouza - Arruda
Waldyr Onotre - Cubano
Nelson Pereira dos Santos - Adaptação
Nelson Pereira dos Santos - Roteiro
Mario DeSalete - Produtor executivo
Lucy Barreto - Produtor


Veja um pedaço do filme:


Sobre o autor

Graciliano Ramos nasceu no dia 27 de outubro de 1892, na cidade de Quebrangulo, sertão de Alagoas, filho primogênito dos dezesseis que teriam seus pais, Sebastião Ramos de Oliveira e Maria Amélia Ferro Ramos. Viveu sua infância nas cidades de Viçosa, Palmeira dos Índios (AL) e Buíque (PE), sob o regime das secas e das suas que lhe eram aplicadas por seu pai, o que o fez alimentar, desde cedo, a idéia de que todas as relações humanas são regidas pela violência. Em seu livro autobiográfico "Infância", assim se referia a seus pais: "Um homem sério, de testa larga (...), dentes fortes, queixo rijo, fala tremenda; uma senhora enfezada, agressiva, ranzinza (...), olhos maus que em momentos de cólera se inflamavam com um brilho de loucura".

Em 1914, embarca para o Rio de Janeiro (RJ) no vapor Itassuoê. Nesse ano e parte do ano seguinte, trabalha como revisor de provas tipográficas nos jornais cariocas "Correio da Manhã", "A Tarde" e "O Século". Colaborando com o "Jornal de Alagoas" e com o fluminense "Paraíba do Sul", sob as iniciais R.O. (Ramos de Oliveira). Volta a Palmeira dos Índios, em meados de 1915, onde trabalha como jornalista e comerciante. Casa-se com Maria Augusta Ramos.

Sua esposa falece em 1920, deixando quatro filhos menores.


Em abril de 1952, viaja em companhia de sua segunda esposa, Heloísa Medeiros Ramos, à Tcheco-Eslováquia e Rússia, onde teve alguns de seus romances traduzidos. Visita, também, a França e Portugal. Ao retornar, em 16 de junho, já enfermo, decide ir a Buenos Aires, Argentina, onde se submete a tratamento de pulmão, em setembro daquele ano. É operado, mas os médicos não lhe dão muito tempo de vida. A passagem de seus sessenta anos é lembrada em sessão solene no salão nobre da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, em sessão presidida por Peregrino Júnior, da Academia Brasileira de Letras. Sobre sua obra e sua personalidade falaram Jorge Amado, Peregrino Júnior, Miécio Tati, Heraldo Bruno, José Lins do Rego e outros. Em seu nome, falou sua filha Clara Ramos.

No janeiro ano seguinte, 1953, é internado na Casa de Saúde e Maternidade S. Vitor, onde vem a falecer, vitimado pelo câncer, no dia 20 de março, às 5:35 horas de uma sexta-feira. É publicado o livro "Memórias do cárcere", que Graciliano não chegou a concluir, tendo ficado sem o capítulo final.

Postumamente, são publicados os seguintes livros: "Viagem", 1954, "Linhas tortas", "Viventes das Alagoas" e "Alexandre e outros heróis", em 1962, e "Cartas", 1980, uma reunião de sua correspondência.

Seus livros "São Bernardo" e "Insônia" são publicados em Portugal, em 1957 e 1962, respectivamente. O livro "Vidas secas" recebe o prêmio "Fundação William Faulkner", na Virginia, USA.

Em 1963, o 10º aniversário da morte de Mestre Graça, como era chamado pelos amigos, é lembrado com as exposições "Retrospectiva das Obras de Graciliano Ramos", em Curitiba (PR), e "Exposição Graciliano Ramos", realizada pela Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro.


Os livros do autor

- Caetés - romance

- São Bernardo - romance

- Angústia - romance

- Vidas secas - romance

- Infância - memórias

- Dois dedos - contos

- Insônia - contos

- Memórias do cárcere - memórias

- Viagem - impressões sobre a Tcheco-Eslováquia e a URSS.

- Linhas tortas - crônicas

- Viventes das Alagoas - crônicas

- Alexandre e outros irmãos (Histórias de Alexandre, A terra dos meninos pelados e Pequena história da República).

- Cartas - correspondência pessoal.

16 comentários:

  1. Nossa, li esse livro na época da escola, mal me lembro. Boa semana! Bjins

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  2. Gostei muito quando li! Muito mesmo!
    beijos
    tati

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  3. Indiquei um selinho para vc lá no meu blog... ;)

    Bjs! :)

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  4. Olá querida! Dele, li São Bernardo e Vidas secas:)
    Bj

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  5. Menina vc postou um "dossiê" !!!
    Parabéns!!!Achei supe interessante e obrigada pela dica do Artesanato Cosmos...valeu!!!
    Beijoss

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  6. Oie, passei para deixar um beijo.

    Não li esse livro :( infelizmente

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  7. Oi, Carla!
    Eu nunca li nada de Graciliano Ramos (vergonha!), apesar de conhecer os livros dele. Nunca tinha ouvido falar no filme.
    Beijos,
    Mari
    www.rosas.nadiapag.com

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  8. Acredita qeu eu nunca li??? Imperdoável!! Vou resolver isso!
    bjs

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  9. Oie Carla, promessa é dívida, vim te visitar e me deparo com esse livro que adorei ter lido!
    Parabéns pelo post, mai que completo!!!
    Bjo florzita :)

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  10. Oi!
    O livro já foi pra lista,curiosidade me pegou...
    Tem um selo pra você no meu blog!
    Está no post:Selo + Livro!
    Beijos!

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  11. Adoro Graciliano Ramos desde que li Vidas Secas. Dele ainda li Angústia e São Bernardo e pretendia ler Memórias do Cárcere, mas acabei deixando para trás na minha listinha de livros a ler. É uma pena. Pelo que você escreveu eu já deveria ter lido esse livro há muito tempo e espero em breve fazê-lo. No entanto, assisti ao filme, que por sinal é muito bom. Valeu a dica e a lembrança.

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  12. Carla,
    tens selinhos para ti no meu blog!

    Adorei a resenha!

    Bjoka*

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  13. esse não li nem vi o filme. beijos, pedrita

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  14. Carla,
    Estou relendo este livro para um seminário do mestrado (estudo a memória)e o vejo com outros olhos hoje. Porém, percebo nele a mesma dureza da época em que o li pela primeira vez na escola.
    Em minhas pesquisa, cheguei até aqui e confesso que a sua percepção me ajudou um pouco.
    Parabéns pelo texto bem pessoal.
    Cecília

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  15. livro fundamental da literatura brasileira. e também da história do Brasil, pois reflete os momentos de formação do país. sempre com a acurada estilística do mestre graça! fundamental em qualquer estante e em todos os corações.

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