terça-feira, 13 de outubro de 2009

Feliz Ano Velho - Marcelo Rubens Paiva - Cantadas Literárias


Por Lu Vieira, uma dos responsáveis pelo blog Máquina de Letras ser tãooooo agradável de ler e super atualizado. Parabéns, flor! Confiram a resenha da Lu:


Finalmente! Consegui realizar o sonho de ler “Feliz Ano Velho”, de Marcelo Rubens Paiva. Mais que um sonho, era uma meta. Uma leitura mais que obrigatória para mim. Entre inúmeros livros que desejo ler, encontrei “Feliz Ano Velho” na biblioteca recentemente criada na empresa onde trabalho. Os livros da biblioteca foram doados pelos próprios funcionários.


Este livro é o primeiro de Marcelo Rubens Paiva, considerado um dos maiores best-sellers dos anos 80. É uma autobiografia que conta como o autor ficou tetraplégico aos 20 anos de idade, publicada pela primeira vez em 1982. Durante um passeio com um grupo de amigos, Marcelo deu um mergulho no lago. Saltou, de brincadeira, em estilo “Tio Patinhas” em busca do tesouro. Meio metro de profundidade tinha o lago. A vértebra quebrou e o corpo não respondeu. Começa nesse mergulho do dia 14 de dezembro de 1979 o relato de “Feliz Ano Velho”.



O livro possui muitos “flashbacks” da vida do autor antes do acidente, um jovem que fez tudo o que podia e queria e, de repente, sua vida mudou radicalmente. No seu relato estão os dias que passou no hospital, a recuperação lenta e dolorosa, o colete de ferro que usou, as visitas que recebeu, as histórias da infância, das relações amorosas e da faculdade que viveu sob uma nova perspectiva, os momentos que chegou a contemplar o suicídio, a impotência sentida diante dos acontecimentos, a ajuda que necessitou dos amigos e familiares.


Marcelo escreveu um texto sincero, direto, carismático, bom humorado e maduro sem cair na pieguice de livros de auto-ajuda. Em nenhum momento, ele quis se mostrar um “coitadinho” ou provar que é um bom sujeito. Na medida em que eu avançava na leitura, parecia que o Marcelo estava contando a sua história na minha frente. Não se limita a lamentar a má sorte de quem deu um mergulho em um lago de baixa profundidade e partiu a coluna vertebral. Ele mostra um rapaz que viveu plenamente como se cada minuto fosse o último de sua vida.


Antes de seu acidente, Marcelo e sua família tiveram uma experiência dolorosa: o “desaparecimento” de seu pai Rubens Paiva, ex-deputado federal, durante a ditadura militar. Marcelo tinha apenas 11 anos de idade. De estudante de Engenharia Agrícola da Unicamp, Marcelo, como tetraplégico, passa a reaprender a viver, a construir uma nova identidade, a traçar novos objetivos de vida e a fortalecer a fé de ser feliz e se tornar independente.


Veja um trecho de suas palavras:

“Meu futuro é uma quantidade infinitiva de incertezas. Não sei como vou estar fisicamente, não sei como irei ganhar a vida e não estou a fim de passar nenhuma lição. Não quero que as pessoas me encarem como um rapaz que apesar de tudo transmite muita força. Não sou modelo pra nada. Não sou herói, sou apenas vítima do destino, dentre milhões de destinos que nós não escolhemos. Aconteceu comigo. Injustamente, mas aconteceu. É foda, mas que jeito...”

Na leitura deste livro, é impossível deixar de pensar nos deficientes físicos que estão em nossa volta. Impossível deixar de pensar que a história de Marcelo pode acontecer comigo. No entanto, muitos pensam assim: “Isso não vai acontecer comigo”. Impossível deixar de reconhecer que ainda há muitos obstáculos, tais como o preconceito e o desrespeito aos seus direitos, enfrentados pelos deficientes físicos.


A TV Globo está transmitindo atualmente a novela “Viver a Vida” em que uma das personagens irá sofrer um acidente que a deixará paralítica. Creio que muita gente que leu “Feliz Ano Velho” vai se lembrar ou já se lembrou desse livro ao assistir o folhetim. Todos os dias, após o término do capítulo, a novela mostra o depoimento de uma pessoa real que é deficiente físico, seja de nascença ou não. Marcelo viveu a vida antes de ficar tetraplégico

. Tenho a crença de que ele hoje também vive plenamente a vida.


Como li “Feliz Ano Velho” emprestado da biblioteca da empresa onde trabalho, nele consta uma dedicatória na primeira folha: “À amiga Yáskara por sua grande ajuda. Um pensamento de S. Tomás de Aquino que tem muito a ver com este livro... “Viver pronto para morrer, mas viver como se nunca fosse morrer.”


E, na última página do livro, uma pessoa escreveu: “Li, gostei, mas pena que o rapaz não volta a andar.”

Outra pessoa registra: “Mais valem as lágrimas de não ter vencido, do que a vergonha de não ter lutado”.



Sobre o Autor


Além de escritor, Marcelo é dramaturgo e jornalista.


Nasceu em São Paulo no ano de 1959, onde estudou pela Escola de Comunicações e Artes da USP. Fez mestrado de Teoria Literária da Unicamp e o King Fellow Program da Universidade de Stanford, Califórnia. Depois de “Feliz Ano Velho”, publicou 6 romances:

“Blecaute” (1986),

Uabrari” (1990),

Bala na Agulha” (1992),

Não És Tu, Brasil” (1996),

Malu de Bicicleta” (2004)

“A Segunda Vez que Te Conheci” (2008).


Há crônicas e contos reunidos nos livros “As Fêmeas” (1994) e “O Homem Que Conhecia as Mulheres” (2006). Como dramaturgo, escreveu: “525 Linhas” (1989); “O Predador Entra na Sala (1997); “Da Boca pra Fora – E Aí, Comeu?” (1999); “Mais-Que-Imperfeito” (2000); “As Mentiras que os Homens Contam” (2001); “Closet Show” (2001) e “No Retrovisor” (2002).


Atua como colunista do Caderno 2 do jornal “O Estado de S.Paulo” e possui o blog Pequenas Neuroses Contemporâneas. “Feliz Ano Velho” foi transformado em filme estrelado por Marcos Breda e Malu Mader.


Confira o vídeo do filme, no momento do acidente:


19 comentários:

  1. Olá!
    Eu li Feliz Ano Velho, quando era adolescente, e a história me marcou muito, talvez por eu ser tão jovem como ele era na época do acidente.
    O livro é cheio de sinceridade e franqueza e eu gostei demais, apesar de não ter lido mais nenhum livro do autor.
    Bj

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  2. Não li esse.
    Estou passando p deixar um beijo.
    :)

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  3. eu li faz tempo o livro, emprestado de uma biblioteca. e vi uma montagem no teatro no rj com o paulo betti. beijos, pedrita

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  4. Vi a adaptação para o teatro e gostei muito...

    bjokas,NA

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  5. Olha só, esse eu li lá pela oitava série! Pra mim era uma daquelas histórias autobiográficas que às vezes soam improváveis. Algumas coisas não pareciam verdade, e me causaram uma grande confusão. Depois adentrei o mundo universitário e vi que...Bem...O livro era bastante sincero!
    Precisaria ler denovo. Legal que também vi a peça em que o Marcos Frota era o marcelo e o cenário era uma escada, um balde e uma cadeira. Só registrei isso.

    Beijo Cá!

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  6. não li ainda mais foi para a lista ....

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  7. Oiee
    tudo bem?
    Amei seu blog
    Já estou te seguindo!
    Beijos*

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  8. olá tens dois selos nom meu blog pata ti:))
    bjinhos

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  9. Carla,
    Eu li na época da escola. E a linguagem crua é muito interessante. Lembro que os poucos e inocentes palavrões causaram frisson na professora e na turma. Ah, se a gente soubesse dos funks e dos tchan's que viriam anos depois...
    Beijos.

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  10. eu li já faz uns anos
    muito,muito lindo
    o + curioso é que não
    vira um dramalhão
    lembro que ri muitoooo
    ele conta tudo o que ele aprontava na
    adolescência...inclusive tem trechos
    que se passam aqui em sampa
    na rua augusta...vale muito a pena ler

    Bjusss

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  11. Ainda não li o teu post, mas depois com mais tempo, terei todo o prazer em fazê-lo, só mesmo dar os Parabéns!!! Ganhaste mais dois selinhos!!!

    Beijinhos!!!!

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  12. OiÊ! Nossa, amei o registro dos comentários na última página. Os livros são 'vivos', vc não acha? Bjão

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  13. Oie! Já li esse livro a tanto tempo que nem me lembro direito dele! hehehe

    Mas lembro que ná epóca gostei muito, foi um livro que valeu a pena!!

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  14. Carla...eu acabei de terminar o livro e amei..principalmente pq minha irmã sofreu recentemente um acidente que a deixou com o lado esquerdo do corpo paralisado e parece que lendo o livro ouvia ela mesma contar por tudo o que passou (hospital, etc..).Mas fiquei com uma incógnita...rs...no final qdo eu esperava que ele contasse a transa com a bianca já depois do acidente ele lembra uma transa com a Ana? é isso mesmo??? Não entendi...eu tava na maior expectativa..rs...e isso mesmo??bjs

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  15. Faz um bom tempo que queria responder a dúvida da Alma partida e acabei esquecendo. No momento estou usando internet discada (lenta e é preciso muita paciência!), mas acho que logo voltarei a usar uma tecnologia mais rápida, hehe. Por isso peço desculpa pela demora e ausência. Voltando ao questionamento da Alma partida, eu entendi que o Paiva quis deixar o leitor curioso para saber como foi a transa com a Bianca. Imagino que ele se sentiu como se fosse a primeira vez dele na condição de tetraplégico. Afinal, ele foi contando no livro as conquistas do corpo dele e, para mim, termina na realização do possível sexo com a Bianca. Para não dizer como foi e deixar o leitor curioso, ele relembra a transa com a Ana quando não era tetraplégico.

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  16. Acabei de ler, mas uma dúvida me deixou intrigado. Como ele conheceu Bianca em uma festa, já estava paralítico,( era doido para conhecer), no dia que eles iriam trasarem, ele falou que já tinha transado com ela em Campinas?

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  17. uma paixão por esse livro, pela história dele. li ele na minha adolescência e nao desapegava dele, quando comentei com uma colega e emprestei ela gostou tanto que não me devolvel numca mais kkkk um dos melhores que já li. os de Pedro Bandeira tambem são otmos. super INDICO! bjs

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