"Resolvo-me a contar, depois de muita hesitação, casos passados há dez anos”.
Assim Graciliano Ramos começa a escrever Memórias do Cárcere, o primeiro livro desse estilo que eu li. Sua prisão aconteceu durante o Estado Novo e é narrada, dez anos depois, de uma maneira real, fiel e sem censuras nem exageros.
O livro é amargo, duro, seco. Porque a vida dele naquela época difícil, bem como os acontecimentos vividos também foram amargos, duros e secos. Adorei o livro e, apesar de tê-lo lido há muitos anos, lembro exatamente do impacto que me causou. Em algumas edições, ele possui quatro volumes, mas, no meu caso, possuo um com dois volumes apenas.
Recomendo muitíssimo o livro, até para entender um pouco sobre essa época do nosso País. Para mim, foi bem importante, já que havia lido muito sobre a ditadura militar, os atos institucionais, a prisão e tortura de jornalistas, mas pouco sabia sobre o Estado Novo.
Virou filme
A obra, publicada somente 1953, foi transformada em filme por Nelson Pereira dos Santos.
A vida de Graciliano Ramos que, em 1936, ocupou o cargo público de diretor de instrução do Estado de Alagoas e na fase do Estado Novo (1937-1945) foi preso por causa das suas convicções políticas. O filme expõe um período desagradável na história do Brasil dentro de uma perspectiva pessoal. A criação da Aliança Nacional, em 1935, iniciou suas atividades como um vigoroso movimento de massas, no qual conviviam comunistas, socialistas, católicos, positivistas e democratas de vários partidos, atraídos pela frente ampla antifascista. Memórias do Cárcere é um grande clássico do cinema brasileiro.
Ficha Técnica
Nelson Pereira dos Santos - Diretor
Carlos Vereza - Graciliano Ramos
Gloria Pires - Heloisa Ramos
Jofre Soares - Soares
Jose Dumont - Mario Pinto
Nildo Parente - Manoel
Wilson Grey - Gaucho
Tonico Pereiro - Desiderio
Jorge Cherques - Goldberg
Jackson DeSouza - Arruda
Waldyr Onotre - Cubano
Nelson Pereira dos Santos - Adaptação
Nelson Pereira dos Santos - Roteiro
Mario DeSalete - Produtor executivo
Lucy Barreto - Produtor
Veja um pedaço do filme:
Sobre o autor
Graciliano Ramos nasceu no dia 27 de outubro de 1892, na cidade de Quebrangulo, sertão de Alagoas, filho primogênito dos dezesseis que teriam seus pais, Sebastião Ramos de Oliveira e Maria Amélia Ferro Ramos. Viveu sua infância nas cidades de Viçosa, Palmeira dos Índios (AL) e Buíque (PE), sob o regime das secas e das suas que lhe eram aplicadas por seu pai, o que o fez alimentar, desde cedo, a idéia de que todas as relações humanas são regidas pela violência. Em seu livro autobiográfico "Infância", assim se referia a seus pais: "Um homem sério, de testa larga (...), dentes fortes, queixo rijo, fala tremenda; uma senhora enfezada, agressiva, ranzinza (...), olhos maus que em momentos de cólera se inflamavam com um brilho de loucura".
Em 1914, embarca para o Rio de Janeiro (RJ) no vapor Itassuoê. Nesse ano e parte do ano seguinte, trabalha como revisor de provas tipográficas nos jornais cariocas "Correio da Manhã", "A Tarde" e "O Século". Colaborando com o "Jornal de Alagoas" e com o fluminense "Paraíba do Sul", sob as iniciais R.O. (Ramos de Oliveira). Volta a Palmeira dos Índios, em meados de 1915, onde trabalha como jornalista e comerciante. Casa-se com Maria Augusta Ramos.
Sua esposa falece em 1920, deixando quatro filhos menores.
Em abril de 1952, viaja em companhia de sua segunda esposa, Heloísa Medeiros Ramos, à Tcheco-Eslováquia e Rússia, onde teve alguns de seus romances traduzidos. Visita, também, a França e Portugal. Ao retornar, em 16 de junho, já enfermo, decide ir a Buenos Aires, Argentina, onde se submete a tratamento de pulmão, em setembro daquele ano. É operado, mas os médicos não lhe dão muito tempo de vida. A passagem de seus sessenta anos é lembrada em sessão solene no salão nobre da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, em sessão presidida por Peregrino Júnior, da Academia Brasileira de Letras. Sobre sua obra e sua personalidade falaram Jorge Amado, Peregrino Júnior, Miécio Tati, Heraldo Bruno, José Lins do Rego e outros. Em seu nome, falou sua filha Clara Ramos.
No janeiro ano seguinte, 1953, é internado na Casa de Saúde e Maternidade S. Vitor, onde vem a falecer, vitimado pelo câncer, no dia 20 de março, às 5:35 horas de uma sexta-feira. É publicado o livro "Memórias do cárcere", que Graciliano não chegou a concluir, tendo ficado sem o capítulo final.
Postumamente, são publicados os seguintes livros: "Viagem", 1954, "Linhas tortas", "Viventes das Alagoas" e "Alexandre e outros heróis", em 1962, e "Cartas", 1980, uma reunião de sua correspondência.
Seus livros "São Bernardo" e "Insônia" são publicados em Portugal, em 1957 e 1962, respectivamente. O livro "Vidas secas" recebe o prêmio "Fundação William Faulkner", na Virginia, USA.
Em 1963, o 10º aniversário da morte de Mestre Graça, como era chamado pelos amigos, é lembrado com as exposições "Retrospectiva das Obras de Graciliano Ramos", em Curitiba (PR), e "Exposição Graciliano Ramos", realizada pela Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro.
Os livros do autor
- Caetés - romance
- São Bernardo - romance
- Angústia - romance
- Vidas secas - romance
- Infância - memórias
- Dois dedos - contos
- Insônia - contos
- Memórias do cárcere - memórias
- Viagem - impressões sobre a Tcheco-Eslováquia e a URSS.
- Linhas tortas - crônicas
- Viventes das Alagoas - crônicas
- Alexandre e outros irmãos (Histórias de Alexandre, A terra dos meninos pelados e Pequena história da República).
- Cartas - correspondência pessoal.
Tia Virginia
Há um dia
Nossa, li esse livro na época da escola, mal me lembro. Boa semana! Bjins
ResponderExcluirGostei muito quando li! Muito mesmo!
ResponderExcluirbeijos
tati
Indiquei um selinho para vc lá no meu blog... ;)
ResponderExcluirBjs! :)
Olá querida! Dele, li São Bernardo e Vidas secas:)
ResponderExcluirBj
Menina vc postou um "dossiê" !!!
ResponderExcluirParabéns!!!Achei supe interessante e obrigada pela dica do Artesanato Cosmos...valeu!!!
Beijoss
Oie, passei para deixar um beijo.
ResponderExcluirNão li esse livro :( infelizmente
Oi, Carla!
ResponderExcluirEu nunca li nada de Graciliano Ramos (vergonha!), apesar de conhecer os livros dele. Nunca tinha ouvido falar no filme.
Beijos,
Mari
www.rosas.nadiapag.com
Acredita qeu eu nunca li??? Imperdoável!! Vou resolver isso!
ResponderExcluirbjs
Bom dia e boa semana!!
ResponderExcluirbeijos
Oie Carla, promessa é dívida, vim te visitar e me deparo com esse livro que adorei ter lido!
ResponderExcluirParabéns pelo post, mai que completo!!!
Bjo florzita :)
Oi!
ResponderExcluirO livro já foi pra lista,curiosidade me pegou...
Tem um selo pra você no meu blog!
Está no post:Selo + Livro!
Beijos!
Adoro Graciliano Ramos desde que li Vidas Secas. Dele ainda li Angústia e São Bernardo e pretendia ler Memórias do Cárcere, mas acabei deixando para trás na minha listinha de livros a ler. É uma pena. Pelo que você escreveu eu já deveria ter lido esse livro há muito tempo e espero em breve fazê-lo. No entanto, assisti ao filme, que por sinal é muito bom. Valeu a dica e a lembrança.
ResponderExcluirCarla,
ResponderExcluirtens selinhos para ti no meu blog!
Adorei a resenha!
Bjoka*
esse não li nem vi o filme. beijos, pedrita
ResponderExcluirCarla,
ResponderExcluirEstou relendo este livro para um seminário do mestrado (estudo a memória)e o vejo com outros olhos hoje. Porém, percebo nele a mesma dureza da época em que o li pela primeira vez na escola.
Em minhas pesquisa, cheguei até aqui e confesso que a sua percepção me ajudou um pouco.
Parabéns pelo texto bem pessoal.
Cecília
livro fundamental da literatura brasileira. e também da história do Brasil, pois reflete os momentos de formação do país. sempre com a acurada estilística do mestre graça! fundamental em qualquer estante e em todos os corações.
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