Confira a opinião da Aninha:
Quando digo que os livros me escolhem eu não estou brincando. Um amigo, ao ler meus textos sobre sexo, me mandou uma entrevista sobre Catherine Millet, onde ela fala sobre seus últimos dois livros, sobre o feminismo, sobre sexo, sobre ciúmes, entre outros temas. Claro que o que mais me chamou atenção foi o fato de ela ter escrito um livro que descreve suas experiências sexuais. Uma autobiografia sexual.
Alguns dias após ler a entrevista fui a uma banca de jornal ver as novidades, quando me deparei com o livro, objeto desse texto. Comprei e comecei a ler imediatamente.
Catherine é a prova viva de que a mulher consegue sim, fazer sexo sem amor. Ela consegue separá-los, quero dizer. Não que isso seja fácil para nós mulheres, mas talvez tenhamos sido condicionadas a sermos assim. Afinal, somos nós mulheres que crescemos ouvindo sobre contos de fadas e a assistindo a comédias românticas.
Existe um mito urbano de que a mulher só se entrega a um homem se estiver apaixonada ou que após o sexo ela se envolve emocionalmente com mais facilidade. De fato, acho que as mulheres por serem mais emotivas e muitas vezes mais sensíveis têm, realmente, essa facilidade, mas toda regra tem sua exceção e Catherine prova isso a cada página do livro que li.
O que mais me chamou a atenção no livro é que ela demonstra ser extremamente honesta em seu desfecho narrativo. Melhor de tudo, ela não tenta analisar ou dar explicações pelo fato de ser assim. Ela gosta de sexo e ponto. Não quer dar explicações de sua vida (pelo menos não nesse livro), quer apenas narrá-la. E o faz da forma mais explícita possível.
Catherine já fez de tudo. Transou com homens. Com vários deles, inclusive. Já transou com mulheres e até com um travesti, certa vez. Confessa abertamente ter participado de surubas e de se sentir confortável e até mesmo satisfeita em ter vários homens percorrendo o seu corpo, inclusive desconhecidos. De conseguir satisfazê-los plenamente.
Um parênteses aqui é necessário: Catherine não é prostituta (apesar de ela ter confessado em seu livro que isso passou pela sua cabeça, ou seja, se ela gostava tanto de sexo, por que não ganhar dinheiro com isso?). Ela é fundadora e diretora de uma revista de arte na França, e também escreveu um livro sobre o pintor Salvador Dali, ou seja, ela é uma intelectual e não uma mulher qualquer. Ela é inteligente e não precisava, em tese, levar esse estilo de vida, se não quisesse.
Confesso que durante a leitura vários sentimentos me ocorreram, o primeiro deles, foi a perplexidade, pois a coragem que teve essa mulher ao tornar pública sua vida sexual extremamente apimentada e descrever em detalhes tudo que já viveu choca até as mais moderninhas (como eu, por exemplo).
Em segundo lugar, após me acostumar com a linguagem narrativa e descrições explícitas da autora, no entanto, comecei a achar que faltava algo no livro. Faltava a sensação de Catherine ao praticar sexo. Cheguei a dizer que faltava um pouco de lirismo no livro. Mas foi então que, ao continuar a leitura, percebi que o lírico e o lúdico que, em minha opinião, faltava ao livro apareceram em seguida, quando ela descreve sua relação com o Jacques (que é seu marido).
Foi exatamente após a metade do livro que consegui perceber de forma clara que Catherine provou saber distinguir o “sexo pelo sexo” do “sexo com amor”. As cenas líricas e lúdicas das quais senti falta, ela só descreve quando está em companhia do marido. É curiosa, inclusive, a forma como ela aborda a questão emocional e moral da traição, afinal ambos participavam de surubas.
Passei a admirá-la não só pela coragem em ter publicado o livro, mas também por saber separar o joio do trigo, como poucas mulheres sabem fazer. Ouso dizer que Catherine é revolucionária. As mulheres passaram anos exigindo direitos iguais. A autora demonstra que atualmente as mulheres podem exigir também igualdade de desejo. Afinal, onde está provado que homem tem mais tesão que mulher?
Sobre a Autora
Nascida em 1948 na França, Catherine Millet é fundadora e diretora da Art Press, uma das mais influentes revistas de arte francesas, além de autora de Arte contemporânea na França(1987) e Arte contemporânea: história e geografia (2006), entre outros livros. É especialistana obra do pintor espanholSalvador Dalí e do artista plásticoYves Klein. Conquistou milhões deleitores com o polêmico A vida sexual de Catherine M. (2001), marco na escrita feminina sobre sexo.
Está bem difícil de achar esse livro para compra. Encontrei apenas no Mercado Livre, por R$ 33,00 e na Estante Virtual, por preços a partir de R$ 12,00 .
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Se você também quer participar da Resenha do Leitor, entre em contato pelo carla.martins16@gmail.com. Vou a-d-o-r-a-r! :)
Já quero!!! Parece-me bastante interessante. Vou anotar na minha lista de desejos. BjO
ResponderExcluirOi Carla!
ResponderExcluirMe lembro de ter visto aqui no seu blog a resenha da "continuação" desse livro!
Acho que seria interessante ler os dois, em sequência...
Parabéns e obrigada, Ana Paula! ;)
Beijinhos
Oi!
ResponderExcluirTenho uma amiga que quer trocar esse livro. Se tiver interessada me avise.
Ótima resenha!!!
tem livros q são mais difíceis de achar mesmo. beijos, pedrita
ResponderExcluirUau! Parabéns pela resenha Carla! E me parece ser um livro bastante intrigante, achei interessante e está anotada a dica!!!!
ResponderExcluirAh, tem uma surpresa no meu blog pra vc!
Dá uma passadinho por lá ;)
Beijinhossss
Lili
Adorei o texto também! E ainda mantenho minha vontade de ler o primeiro livro. Escrevi para a Carla a resenha do segundo, " A Outra Vida de Catherine M.", que gostei muito de ter lido e indico para todas as mulheres ciumentas!
ResponderExcluirCá, curti minha resenha no Leitura, jajá estou de volta!
Beso chica!
Olá Carla, desculpe em demorar a responder, adorei que vc publicou a resenha!
ResponderExcluirObrigada querida.
Beijos,