São quase 600 páginas de puro amor, de um mergulho na vida de outra pessoa que vai envolvendo e viciando o leitor. A gente vai conhecendo Paula aos poucos e, a cada página, lamenta mais e mais por sua condição, mas mantém uma esperança, lá no fundo, de que ela consiga sobreviver. O livro é lindo. O livro toca fundo. O livro marca a vida de quem lê. Porque amor de mãe é assim, é maior que tudo, é mais forte que a vida e que a morte.
Outro ponto forte do livro são as frases fortes e muito bem escritas de Isabel. Então, fica a dica: leia com uma caneta marca texto do lado.
Destaco uma que me tocou em especial:
"Silêncio antes de nascer. Silêncio depois da morte. A vida é puro ruído no meio de silêncios insondáveis".
A doença
Paula possuía uma doença genética chamada Porfiria. Por uma mistura de fatalidade com erro médico, ela entrou em coma e não voltou ao normal depois de algumas semanas, como os médicos previram.
A partir daí, a Isabel mãe, amante, profissional, mulher e feminista e dona de casa tornou-se só a Isabel mãe, lutando contra ela mesma e contra todas as evidências para fazer sua filha ter uma vida agradável enquanto permanecesse nesse estado estranho, em que o corpo está vivo, mas a mente e os sentidos já não pertencem mais a esse mundo. O sofrimento dela é tão bem expressado no livro que emociona por diversas vezes. Apesar de todos sabermos que o amor de mãe é o maior amor do mundo, o livro é, para mim, a melhor representação física desse amor.
Recomendo esse livro a todos, mas acredito que, para mulheres que são ou querem ser mães e para pessoas que já sofreram muito com perdas de entes queridos, a obra será de especial auxílio e garantia certa de lembranças infinitas.
Família
Além de falar de Paula, a autora fala de todos os membros de sua família, inclusive aborda bastante, em certa parte do livro, seu parentesco com Salvador Allende e como isso influenciou sua trajetória. O livro fala do exílio, da ditadura, das dificuldades financeiras, de relacionamentos fracassados. O livro fala de toda uma vida, de uma vida que merece ser contada e dividida, porque é especial. Mérito da autora, que soube dar ar de romance e transformar os acontecimentos em frases atraentes e capazes de conquistar os leitores.
Seu outro filho, Nicolás, também sobre de Porfiria, mas a doença não se manifestou nele e tudo está sob controle. No final do livro, é bonito como ela analisa que a obra ajudará as próximas gerações da família a não se descuidarem quanto essa doença.
Cartas
Isabel Allende, que já era conhecida por seus demais romances, tornou-se mundialmente famosa e uma referência para muita gente. Ainda de luto, com uma dor inconsolável, os leitores de Paula começaram a enviar cartas contando suas experiências e dividindo com ela tudo o que o livro despertou em suas mentes.
Então, Isabel decidiu publicar um outro livro, alguns anos depois, reunindo algumas dessas cartas. O livro chama-se Cartas a Paula e eu já comecei a ler em seguida! Ele é bem pequeno e, assim que terminar, escrevo aqui tudo o que senti.
Paula é lindo. Ler Paula chega a ser necessário.
Outros livros
Outro detalhe muito legal do livro é que, em diversos momentos, Isabel explica, ao falar de alguém da família ou de algum amigo que aparece na história, como alguns de seus personagens mais famosos foram criados. Em quem ela se baseou e quais características de cada pessoa real ela utilizou para montar as personalidades contidas nos seus romances.
Confira uma entrevista com Isabel Allende:
Sobre a Autora
"O meticuloso exercício da escrita pode ser a nossa salvação." Essa frase de Isabel Allende, em seu livro "Paula", talvez dê uma pista sobre o significado da literatura para a escritora.
Isabel atribui seu êxito como escritora ao célebre poeta chileno Pablo Neruda, que no inverno de 1973 aconselhou-a a abandonar seu trabalho como repórter para se dedicar a escrever livros de ficção. Ela não levou muito a sério a sugestão, e demorou quase dez anos para transformar a idéia em realidade.
Seu primeiro romance, "A Casa dos Espíritos" (de 1982, adaptado ao cinema em 1993), foi bem recebido pela crítica. As crônicas familiares misturadas à política também deram o tema ao seu romance seguinte, "De amor e de sombra" (1984). Seguiram-se "Eva Luna" (1985), "Histórias de Eva Luna" (contos, 1989), "Paula" (sobre a doença e morte de sua filha, 1991), "Plano infinito" (1993), "Afrodite" (histórias e receitas afrodisíacas, 1994) e "Filhas da fortuna" (1999).
Confira o site oficial de Isabel Allende.
Carlinha,
ResponderExcluirAcho que nunca chorei tanto ao ler um livro. Ele é maravilhoso e tocante.
Beijão
~> Assisti, sim, tenho o DVD... este filme também foi inspirado em um livro do Nicholas Sparks, chamado 'The Notebook' (O Caderno de Noah). Amo! ;)
ResponderExcluir~> Eu li um pedaço de 'Paula', em espanhol, qdo morei na Espanha, mas acabei desistindo... não porque fosse ruim, muito pelo contrário; mas era tão intenso que estava até me fazendo mal, sei lá, é difícil de explicar.
E teve uma passagem que não gostei - a tal onde Isabel conta sobre o homem que apareceu quando ela era criança e que fez vc-sabe-o-que; não sei se sou antiquada, mas achei aquilo mto feio.. :/
Enfim, acho que esse não fez o meu estilo. Mas q bom que vc curtiu.. ;)
Bjs
Da Isabel eu já li Zorro e gostei bastante... tenho vontade de ler esse livro, mas parece ser tão triste que ainda não tive coragem...
ResponderExcluirAdorei a resenha...
beijos,
Dé...
Eu li dois da Isabel e gostei muito: De Amor e De Sombra - um dos livros mais bonitos que já li - e Eva Luna. Depois parei de ler, pois a autora parecia não conseguir afastar-se do tema 'guerrilha & ditadura'. Mas ela tem uma prosa única.
ResponderExcluirEsse livro que vc comentou parece ser muito interessante! Que eu tenha lido com esse nível de exposição que vc cita, acho que só "Sorte - Um Caso de Estupro", da Alice Sebold. Uma leitura bem punk. Acho que em comum com esse, só a coragem de abrir a própria vida para os leitores...
Resenha boa, fiquei com vontade de ler!
ResponderExcluirbeijos
tati cavalcanti
é incrivel a capacidade que vc tem de fazer essas resenhas.
ResponderExcluiré sempre muito bom vir aqui.,
Maurizio
eu gostei bastante de paula e por motivos diferentes dos seus. mesmo sendo o livro sobre a filha que adoece, ela conta muito de sua vida, sem usar o subterfúgio do sensacionalismo e do melodrama. triste é. não tem jeito. mas fiquei fascinada como ela expõe o livro. beijos, pedrita
ResponderExcluirEu já li este livro duas vezes e me emocionei em ambas, ele é muito bom mesmo! bjs
ResponderExcluirOlá!!
ResponderExcluirCarla, estou esperando por essa sua resenha faz tempo. Lembro do post que vc falava que os livros tinham chegado (era esse e mais um de Allende, né?)
Adoro esta autora, mas não consigo ler livros assim. É muito difícil para quem é mãe... não dá para não se colocar na situação que Allende viveu e experimentar o terror de ter um filho neste estado.
Bj
Eu li esse livro a muito tempo atrás, é realmente emocionante.
ResponderExcluirBeijos
Ola. O meu comentário não tem a ver com este post, mas venho aqui deixar a resposta ao comentário que deixaste no Livreo. Deixo aqui os blogs onde li boas criticas relativamente à Aliança das Trevas, de Anne Bishop:
ResponderExcluirhttp://leia-esmtg.blogspot.com/2009/11/anne-bishop-alianca-das-trevas.html
http://fantasticas.odisseias.net/single.php?id=2271
http://asleiturasdocorvo.blogspot.com/2009/11/alianca-das-trevas-anne-bishop.html
Acabei recentemente de ler Belladonna, já deixei a opinião no Livreo.
Boas leituras ;)
Carla,
ResponderExcluirEu estive com esse livro hj nas maos e nao tive coragem de trazer pra casa.
Por ser mae, me sinto tao fragil em varios momentos.
E, confesso, procuro nao ler pra nao sofrer.
Num futuro pretendo ler.
Obrigada pelas visitas, nao to podendo estar presente aqui como gostaria, mas vc mora no meu coração.
Bjos,
Jê
Que delícia de blog, moça! Parabéns.
ResponderExcluirE indicações de boas leituras são sempre preciosas. Aproveitarei-as. ;-)
"Silêncio antes de nascer. Silêncio depois da morte. A vida é puro ruído no meio de silêncios insondáveis".
Nossa... frase fantástica mesmo!
Beijocas.
Li esse livro há muito tempo atrás e gostei muito. Ainda não era mãe, talvez se tivesse lido depois de ser mãe, teria sofrido mais. Aproveite que sua leitura de "Paula" está "fresca" e leia "A Soma dos Dias", que é a continuação, é lindo demais tb
ResponderExcluirNão sei porque esses livros com nomes no título me deixam animada para lê-los, foi assim quando li "Para Sempre Alice" acho que iria gostar desse também!
ResponderExcluirAh! Vi seu comentário lá no meu blog, que bom que você achou uma graça =D
Mas queria esclarecer uma coisa!Não estou apaixonada!Depois do comentário da Dica é que pude notar que muitas pessoas devem ter entendido assim... deixa eu explicar:
Aquele post foi uma homenagem a uma pessoa que morreu, (a sogra da minha tia), antes dela morrer ela já estava internada no hospital ha tempos e de algum modo já sabíamos que estava perto dela partir... Mesmo assim os amigos e familiares mantinham a esperança mesmo quando os médicos não davam nenhuma, por isso a frase:"Amar é ter o máximo de esperança quando se tem o mínimo de possibilidades..."
Espero que tenha esclarecido esse possível engano!O primeiro comentário do meu post é da minha mãe Marlene Oliveira!
Beijooooooooooooooooooooooos!
Carla, adorei a resenha... Ainda não li nada de Isabel Allende, mas achei esse super interessante!
ResponderExcluirEu adoro biografias! Ler histórias reais de pessoas reais...
Mas esse parece muito intenso! Acho que não estou num momento de leitura assim, mas vai entrar na lista pra ler futuramente!!!
Obrigada!
Beijinhos
Tens um selo p/ ti no meu blog jinhos**
ResponderExcluirNunca li nada desta autora, mas já me indicaram esse livro, provavelmente por causa do nome. Parece ser bem intenso.
ResponderExcluirBjos,
Paulinha
Só de ler a sua resenha já fiquei emocionada. Imagine quando eu for ler o livro da Isabel Allende. Vou chorar muito, com certeza. Gostei da frase sobre o silêncio que você destacou no livro. Obrigada pela dica de ter em mãos uma caneta marca-texto quando eu tiver a oportunidade de ler a preciosa "Paula". Será interessante conhecer a doença que creio que muita gente desconhece. Opa, eu também estou lendo no momento o livro "A cabana". Um livro que ando me questionando. Iupii, logo lerei uma resenha sua. Beijos.
ResponderExcluirChorei muito ao ler este livro...é muito profundo.
ResponderExcluirUm entrevista recente da Isabel Allende dada ao também escritor/jornalista José Rodrigues dos Santos, no programa Conversa de Escritores:
http://ww1.rtp.pt/blogs/programas/conversasdeescritores/
Também recomendo a leitura "A Soma dos Dias"!
Bom fim de semana!!!!!!!!
Bjs**
Carla,
ResponderExcluirTem uma declaração de afeto especial que rdediquei a você lá no blog; espero que goste pois está sendo dado com carinho... mas fique à vontade para recusar.
Beijos, minha querida.
Carla...
ResponderExcluirTem selinho de Natal pra vc no Compartilhando!
Bom final de semana...bjos!!!
olá carla, tenho um selo no meu blog para ti.
ResponderExcluirBjinhos e boas leituras:))
Também gostei desse livro. Apesar de raramente me identificar com escritores que todo mundo ama, adoro a Isabel Allende.
ResponderExcluirOlá querida!
ResponderExcluirEu quero muito ler Isabel Allende. Este foi logo para a lista depois da tua fantástica opinião.
Bjinhos*
Tenho este livro na estante à espera de ser lido... Tenho que o pegar um dia!
ResponderExcluirUm selo de natal no meu blog está à tua espera... Espero que recebes os cinco livros que mais desejes!
Um grande beijinho natalício!
Isabel Allende sabe das coisas.
ResponderExcluirOs livros dela costumam ser bons. Bjs.
Oie flor!
ResponderExcluirChorei bicas com esse livro, muito bem recomendado viu? Eu ameiii.
Bjo bjo :)
Isabel Allende é magnífica! To juntando dicas de livros para as férias, esse entrou no rol!
ResponderExcluirbjs
Oi, Carla...
ResponderExcluirEsse livro tá na minha lista do Desafio Literário. Ainda não me empolguei com ele, mas todas as resenhas que vejo são muito favoráveis.
Bjs
comprei esse livro para dar de presente agora no Natal por causa da sua resenha! :D
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